Brasileiros e argentinos trocam experiências para adminsitrar uma propriedade rural

Produtores dos dois países compartilham experiências para evitar prejuízos e melhorar a rendaAdministrar a propriedade rural como uma empresa pode não ser novidade, mas nem todos praticam. Um grupo de produtores argentinos e brasileiros se visita e troca informações há mais de três anos e já conseguem utilizar os conhecimentos que compartilham para evitar prejuízos e melhorar a renda.

Agricultores argentinos estão visitando propriedades e cooperativas do Paraná. Eles trazem informações sobre seus sistemas de produção e querem ver como os paranaenses convertem dificuldades em boas safras. Em relação ao trigo, o agrônomo Martin Sanchez diz que, pela quantidade de problemas que os paranaenses enfrentam em relação à Argentina, como doenças e produtividade limitada, eles têm demonstrado agilidade na gestão do campo.

Apesar das lavouras de trigo do Paraná e da Argentina serem bastante diferentes, especialmente em relação aos tipos de solo, clima e relevo, produtores brasileiros e argentinos trocaram informação do ponto de vista do sistema de administração da cultura.

As visitas fazem parte de um projeto de gestão rural que existe em vários países desde a Segunda Guerra Mundial. Além da condição ambiental, eles também avaliam a realidade de cada grupo. No caso da Argentina, onde é comum chegar a cinco mil quilos de trigo por hectare em regiões como o sul do país, os produtores reclamam da taxa de retenção sobre a safra, que chega a ser de um caminhão para o governo federal, para cada quatro colhidos pelo produtor.

Os argentinos também opinam sobre as políticas de governo brasileiras para a agricultura. Na propriedade modelo em São Sebastião da Amoreira, no norte do Paraná, os agricultores do pais vizinho viram que a produtividade deve passar de três mil quilos de trigo por hectare, quase mil quilos acima da média do Estado. O produtor Miguel Peretti acredita que a mesma tecnologia poderia ser oferecida pelo poder público brasileiro a todos os agricultores.

O produtor Ricardo Araújo é membro do Grupo de Gestão Londrina, que há três anos coordena viagens fora do Brasil e recebe os visitantes estrangeiros. Para ele, o agricultor precisa administrar a propriedade com informações atualizadas e ser ágil na tomada de decisões. Ele acredita que esse intercâmbio de informações tem ajudado a profissionalizar a atividade rural.

? Hoje nós sabemos muito melhor avaliar riscos e o momento certo de fazer um investimento, a nossa capacidade de endividamento, aferir o resultado real da nossa empresa, porque no Brasil muito pouco se faz em termos disso. Eu acho que isso é uma lástima, porque nós estamos no século 21, com uma economia globalizada sem proteção de nada, onde a competição é ferrenha e a gente não vive como um empresário, não se comporta como um empresário. Muitas vezes estamos na dependência de benesses governamentais e as pessoas levam as coisas meio “ao Deus dará” e não é assim ? explica Araújo.