Quebra de safra de trigo na Europa deve beneficiar produtores de milho

Onda de calor excessivo que castiga as lavouras do Hemisfério NorteAs condições climáticas na Europa Ocidental, principalmente na Rússia, mudaram o cenário dos preços de grãos aqui no Brasil. A onda de calor excessivo que castiga as lavouras do Hemisfério Norte se transformou em uma boa notícia para os produtores de milho, por exemplo. No sul do país, eles ainda sofrem os efeitos da queda acentuada de preço no primeiro semestre.

O agricultor Lauro Ridel plantou 60 hectares de milho na última safra. Ele colheu quase sete mil sacas, mas pelo menos 20% ainda esperam por um preço melhor para comercialização.

? Eu acho que hoje o milho deveria valer em torno R$ 20,00 o saco para poder vender. Eu tenho ainda um tanto pra vender e se eu não ganhar isso, vou esperar. Não vou vender ? afirma.

Até agora ele só havia conseguido R$ 16,00 pela saca, o que era suficiente para cobrir os custos de produção. Como Lauro Ridel, milhares de produtores adiaram a venda do milho. De acordo com o analista de mercado Carlos Cogo, os produtores de milho vão ser beneficiados pela quebra na safra de trigo na Europa, que quase dobrou o preço pago pelo cereal.

? Hoje, um terço do trigo mundial é usado para rações. Foram justamente nessas áreas que tivemos quebra no trigo. Assim, terão que usar milho agora. Isso elevou os preços internacionais do milho. Elevou o preço também no porto brasileiro, para em torno de R$ 19 por saca de 60 quilos. Os leilões de PEP vão permitir que se escoe para o Exterior até o final do ano em torno de oito milhões de toneladas. Isso, evidentemente, vai diminuir os estoques de passagem e já para o ano que vem também a gente vai ter um fator altista para preço que é a condição climática ? explica.

A mudança de rumo para o próximo semestre pode fazer com que muitos produtores revejam a ideia de diminuir a área plantada com milho para a próxima safra.