Nos sistemas de pivô central, os aspersores são instalados em uma tubulação metálica que, apoiada sobre torres metálicas montadas em rodas, recebe a água de um dispositivo central sob pressão. Acionadas, as torres fazem movimentos concêntricos para irrigar áreas que vão, em geral, de 50 a 130 hectares.
De acordo com um dos autores do estudo, Tarlei Botrel, professor do Departamento de Engenharia Rural (LER) da Esalq, o hardware desenvolvido consiste em conjuntos de sensores de umidade colocados estrategicamente em vários pontos da área irrigada pelo pivô central.
? Os sensores são ligados a sistemas de radiofreqüência que enviam as informações para uma central de processamento. Esta analisa as informações e estabelece a lâmina de água necessária em cada parcela, acionando o pivô central de modo a aplicar lâminas diferenciadas de acordo com a necessidade da parcela ? disse Botrel.
Participaram do estudo, que foi publicado na revista Engenharia Agrícola, os pesquisadores José Frizzone, também do LER, e Tadeu Queiroz, professor do Departamento de Engenharia da Produção Agroindustrial da Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat).
? Os resultados mostraram que tanto os circuitos como os aplicativos desenvolvidos apresentaram funcionamento satisfatório, com grande potencial para utilização em sistemas de irrigação de precisão ? afirmou Botrel.
O estudo recomenda, no entanto, que o alcance dos rádios seja aumentado. Nos testes de comunicação, eles apresentaram limitação no alcance acima de 50 metros. De acordo com Brotel, após a conclusão do trabalho, rádios com alcance maior surgiram no mercado e deverão ser testados na próxima etapa da pesquisa.
Segundo ele, o trabalho também pretendeu permitir aplicações diferenciadas de água nesse tipo de sistema. Isso permite que a água seja aplicada de forma diferenciada em cada parte, de acordo com as informações enviadas pelos sensores.
? Com a área irrigada dividida em subáreas, os sensores de umidade colocados no solo, em cada parcela, enviam por radiofreqüência as informações a um controlador localizado no pivô central ? disse.
? Na agricultura tradicional, todas as plantas em um campo cultivado recebem o mesmo tratamento, ou seja, supõe-se que todas sejam iguais. Sabemos que isso não é verdade, pois existem grandes variações devido a fatores como variabilidade espacial do solo, variabilidade genética da planta e diferenciação na incidência à luz solar ? explicou Botrel.
Para o cientista, o ideal seria que cada planta fosse tratada individualmente, isto é, de acordo com seu porte e característica recebe quantidades diferenciadas de insumos visando à otimização do uso do insumo e também a produtividade da planta.
? Com o avanço tecnológico de imagens digitais e sensores, tem se tornado possível e viável, na agricultura de precisão, o tratamento em nível de subáreas, agrupando as plantas em parcelas em que cada parte apresenta características e necessidades semelhantes quanto a um dado insumo ? salientou.
Necessidades diferentes
A melhor racionalização da água, segundo o professor da Esalq, ainda é um desafio para a irrigação.
? Quando se trata todas as plantas como tendo a mesma necessidade, geralmente tomando como base a média, estamos aplicando água a mais em algumas e a menos em outras. O controle individual de uma planta isolada é inviável, mas podemos fazer isso em parcelas com características semelhantes ? explicou.
Para o desenvolvimento do aplicativo computacional foi projetado um sistema capaz de obter a leitura dos tensiômetros utilizando uma interface sem fio, que foi implementada por meio de módulos de radiofreqüência.
? Partimos do princípio de que é possível fazer uma irrigação de precisão dividindo a área do pivô em setores. Cada setor pode conter um conjunto de tensiômetros e a lâmina aplicada pode ser calculada individualmente ? disse Botrel.
Segundo ele, o sistema desenvolvido pode ser usado para qualquer tipo de solo, mas o potencial de economia é maior quando o solo é heterogêneo.
? A utilização de sistemas de transmissão de dados por radiofreqüência é uma ferramenta cada vez mais atraente e aplicável e, a exemplo da mecanização, a irrigação poderá ser de precisão. Acreditamos que, com a água como um recurso cada vez mais escasso, sistemas que propõem economia deverão ser bastante utilizados. Nosso sistema apresenta baixo custo e grandes benefícios, o que o torna viável economicamente ? disse.