Foi em 1997 que José Vicente Caixeta Filho, professor titular do Departamento de Economia e Sociologia Rural da Esalq, resolveu divulgar seus estudos sobre o mercado de fretes de transporte de cargas agrárias. Na época, havia muita divergência entre os índices publicados pelas instituições e os preços que o mercado, de fato, praticava.
Dessa forma, com um enfoque mais amplo e aprofundado, que contava com o levantamento de rotas e produtos, o sistema de informações criado pelo professor Caixeta ganhou notoriedade no mercado nacional. Ficou conhecido como Sifreca (Sistema de Informações de Fretes para Cargas Agrícolas), que há mais de duas décadas serve de referência para os valores praticados no transporte de produtos agrícolas no mercado interno.
As pesquisas realizadas pelo Sifreca incluem desde insumos até os itens industrializados. A partir da coleta e do processamento dos dados e das informações referentes ao transporte desses produtos é elaborado mensalmente um informe. Ele é enviado para as empresas que atuam no segmento e pode também ser acessado pela internet. O banco de dados do Sifreca oferece tanto a possibilidade de cálculo de fretes como também a análise de diversas informações essenciais para a tomada de decisões do setor logístico.
“O Sifreca é um projeto que se justificou, inicialmente, para fornecer dados de frete para a alimentação de modelos matemáticos de roteirização. Com o passar do tempo, tornou-se uma referência para o balizamento de negociações de fretes agrícolas”, diz o professor Caixeta.
Inicialmente distribuído no formato de um folheto, o Sifreca atualmente é uma publicação multiplataforma, com diversas opções para consulta. É possível conferir as informações pelo site, pelo informativo impresso e também pelo aplicativo para dispositivos móveis. Com uma ampla rede de informantes presentes em diversas regiões do país, a ferramenta conta com a participação de cerca de 40 pesquisadores do Grupo Esalq-Log, que coletam os valores de fretes em todo o Brasil.
O sistema analisa e acompanha os mercados de fretes de mais de 50 produtos, dentre os quais destacam-se açúcar, fertilizantes, algodão, café, calcário, farelo de soja, milho, óleo de soja, etanol e combustíveis claros, como gasolina e óleo diesel.
São coletadas, semanalmente, aproximadamente 5.000 informações de fretes em rotas de abrangência nacional. “Toda semana são ouvidas 500 empresas, entre as que demandam o serviço de frete as que oferecem. A partir das informações colhidas, são formados indicadores semanais, quinzenais e mensais de preços de fretes”, conta Fernando Vinícius, pesquisador do Sifreca, que recentemente desenvolveu um novo produto, o de previsão de fretes. “Temos um modelo que nos permite bastante assertividade”, diz.
Para Caixeta, o fato de o sistema disponibilizar informações cada vez mais representativas de valores de frete se deve ao árduo trabalho de coleta dos pesquisadores envolvidos no projeto. Em breve o Sifreca será abrigado em um novo portal na internet, o Esalq-Log Analytics, com uma quantidade maior de informações visuais de modo a favorecer a tomada de decisão mais rápida.