Falta de chuva prejudica produção de hortaliças em São Paulo

Produtores estão sendo até orientados a mudar o sistema de cultivo para diminuir os riscos em épocas como estaA falta de chuva ainda não compromete a produção de hortaliças em São Paulo, o Estado que mais produz no país. Porém, já interfere na qualidade dos produtos e no custo aos produtores.

No cinturão verde paulista, os produtores estão sendo até orientados a mudar o sistema de cultivo para diminuir os riscos em épocas como esta.

A irrigação proporciona uma das cenas mais bonitas no campo, dando ideia de fartura e tornando as plantas mais vivas. Nas hortaliças, isso fica mais evidente ainda. Em algumas plantações, são usados 100 mil litros de água por dia para regar um só hectare.

A administradora Eliana Tomita conta que na propriedade de sua família há 12 hectares de produção. São aí por dia então nada menos que 1,2 milhão de litros de água. Na fazenda, tradicional no cultivo de hortaliças em Salesópolis (SP), o volume sai de um tanque que eles têm junto da lavoura e de um rio próximo ao local de onde a água é bombeada. Eliana diz que, devido à seca, eles tiveram que aumentar o tempo de irrigação. As bombas que eram ligadas uma vez a cada dois dias, de três semanas para cá têm que ser acionadas diariamente. É mais trabalho e custo no final das contas.

? Envolve custo de energia elétrica também, remanejamento de mão de obra que antes era intercalado, agora é diariamente ? explica Eliana.

A falta de chuva deixa o solo seco, o que dificulta até o uso de equipamentos pra revirar a terra. Isso pode até danificar as lâminas das máquinas e aumentar também o custo para o produtor. Outro problema, e aí o reflexo é imediato, é que afeta a qualidade das plantas. As folhas de alface ficam amareladas e, a gente colocando a mão assim, a gente consegue perceber que elas estão mais duras.

O cinturão verde paulista é a maior produtora de hortaliças do país, principalmente folhosas. Só de alface são colhidos 250 mil pés por dia. A seca não comprometeu ainda a produção. Não deve faltar produto no mercado dizem os representantes dos produtores, que estão orientando os produtores agora a mudarem o sistema de cultivo para diminuir os riscos e a dependência do clima.

? A gente tem trabalhado com o produtor rural, incentivando-o a partir para uma tendência mundial que é o cultivo em ambiente protegido. Então, ele tendo o ambiente protegido, ele consegue controlar um pouco melhor algumas questões. Uma delas é o seu sistema de irrigação onde ele tem uma tecnologia mais interessante, onde ele consegue trabalhar o volume de insumo natural que ele ta buscando. Ele coloca uma fertirrigação por gotejamento e passa a utilizar menos água do que ele tem utilizado no cultivo tradicional ? explica o coordenador de Agronegócio do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, Renato Abdo.

Renato explica ainda que como choveu muito no último verão, ficou armazenado um volume hídrico suficiente nas represas, que está sendo usado pelos produtores agora e por mais uns dias ainda, se o tempo não mudar.

? Esse volume hídrico acaba sendo aberto e despejado nas vazões, conforme o passar dos meses. A gente tem aí agora pelo menos mais 30, 40 dias aí pra trabalhar com uma certa tranqüilidade pra irrigação convencional sem problema nenhum ? diz Abdo.