A alavanca principal deste cenário foi um programa de crédito que facilitou o acesso do produtor à tecnologia. Com juros menores e prazos alongados, o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) contribuiu para substituir equipamentos antigos e financiar usados ainda em boas condições.
Em campo desde 2000, o programa aplicou R$ 18,3 bilhões na renovação. Somente entre janeiro e abril deste ano, foram tomados R$ 675 milhões, incremento de 39,5% em relação ao mesmo período de 2007, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Esses recursos causaram impacto na produção nacional de grãos. Segundo o Ministério da Agricultura, desde a década de 1990, o crescimento da safra tem sido de 5% ao ano, calcado no ganho de produtividade. De acordo Fabrício Morais Rosa, chefe de divisão da Secretária de Política Agrícola do ministério, o avanço da tecnologia das máquinas agrícolas representa 30% de um dos pilares do incremento de rendimento.
O programa foi importante também para as indústrias ao colaborar para a incorporação de novas tecnologias, enfatiza o vice-presidente da Anfavea para Máquinas Agrícolas, Giberto Zago:
? Os programas de fomento foram os grandes motivadores da melhor utilização de máquinas, da evolução tecnológica e do crescimento.
Ao longo do caminho, reduziu-se custos e perdas, apesar da tecnologia trazer a reboque máquinas mais caras. Gasta-se menos em manutenção, reposição de peças e mão-de-obra, enumera Cláudio De Leon, instrutor da Emater/RS.
? Hoje, com uma máquina estamos fazendo o trabalho de duas ? acrescenta De Leon.
Coordenador do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, o especialista em maquinário agrícola Luis Fernando Coelho de Souza acredita que o Moderfrota terá papel importante neste momento de necessidade de aumento da produção de grãos no mundo.
? A conjuntura internacional de aquecimento da demanda por alimentos irá causar reflexo muito forte na mecanização agrícola ? pondera.
Com o cenário favorável, as indústrias projetam recorde de produção para 2008, com 85 mil unidades ante 80 mil registradas na década de 70.