Discussão sobre contribuição sindical obrigatória volta à tona em função das eleições da CNA

Assunto ganhou repercussão nesta semana após denúncia da revista Veja de que entidade teria financiado campanha de senadoraAs eleições para a presidência da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se aproximam e uma questão polêmica volta à tona: a obrigatoriedade da contribuição sindical. O assunto ganhou repercussão nesta semana após denúncia da revista Veja de que a entidade teria financiado a campanha da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) em 2006. Em Mato Grosso do Sul, muitos produtores condenam o pagamento obrigatório e questionam o destino que é dado ao dinheiro recolhido.

 

 

No Estado, 70% dos 50 mil produtores rurais estão em dia com a taxa. Em percentuais, Mato Grosso do Sul ficou com a segunda posição no ranking nacional da arrecadação, atrás apenas de São Paulo. Mesmo com o elevado índice, muitos produtores criticam a cobrança obrigatória. Para João Bosco Leal, presidente do Movimento Nacional de Produtores, a contribuição espontânea seria a melhor opção.

? Se fosse voluntária atenderia melhor aos anseios do setor, já que seria dado valor maior ao recurso ? argumenta.

O produtor Hilário Coldebella também é contra a obrigatoriedade da contribuição. Para ele, o problema não é o valor do tributo ?0,1% do valor da terra nua ? e sim a má administração do recurso financeiro arrecadado, que não atende aos interesses do setor.

? Nada é feito para ajudar o setor. A CNA, em Brasília, é um luxo. Por quê? Isso tudo, sendo que o setor atravessa crise e precisa ser auxiliado com maior vigor ? afirma.

A entidade administra um orçamento anual de aproximadamente R$ 180 milhões, financiado por 1,7 milhão de produtores rurais de todo o Brasil. A direção da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, que é ligada à CNA, não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas defende a manutenção da contribuição obrigatória, que, para a organização, já contribuiu bastante para o desenvolvimento do setor.

? Muito já foi feito com os recursos da contribuição, como cursos técnicos e o desenvolvimento amplo de estudos para defender a classe produtora ? disse o presidente da Famasul, Eduardo Riedel.

A contribuição sindical é cobrada anualmente e 60% do valor arrecadado fica no sindicato rural do município, 15% são destinados à federação estadual de agricultura e 5% vão para a CNA. O restante segue para o Ministério do Trabalho.