Custos de produção, clima, umidade do solo estão entre as preocupações. Segundo o Deral 1% da área estimada já foi semeada
Daniel Popov, de São Paulo
Desde o último dia 10 de setembro o plantio da soja está liberado no Paraná, com o fim do vazio sanitário. Como o solo ainda tem boa umidade e a previsão do tempo mostra a chegada de chuvas, muitos produtores já colocaram as plantadeiras em campo para dar início a nova safra. Se por um lado o clima está colaborando, os altos custos de insumos e diesel estão tirando a tranquilidade dos agricultores.
O produtor Pablo Schmidt Rosa, de Mangueirinha (PR) ainda não colheu o trigo em seus 20 hectares, deve fazer isso no final de outubro, para somente então entrar com a soja. Enquanto isso ele está ajudando o vizinho a semear os 27 hectares com a oleaginosa, já de olho na chuva que virá.
Abertura Nacional do Plantio da Soja – Safra 2018/2019
“Fizemos um levantamento da situação do solo e nos últimos 15 centímetros a terra está seca. Umidade mesmo só abaixo disso. Mas temos previsão de chuvas nos próximos dias e isso vai ajudar no desenvolvimento das plantas. Então o clima não nos preocupa agora, a soja vai germinar tranquilamente”, diz o agricultor.
Em outra propriedade, localizada em São Miguel do Iguaçu (PR), a situação é a mesma, com previsão de chuvas os trabalhos já começaram. Segundo o sojicultor Daniel Pasquali, serão plantados inicialmente 120 hectares, dos 480 hectares que possui. Depois ele ainda fará outras duas divisões de talhões para completar a área.
“Aqui está tudo pronto, insumos comprados antecipadamente com dólar baixo e máquinas começando a rodar. Até pensei em aumentar um pouco a quantidade de adubo que seria implantado, mas quando fui pesquisar os valores estavam 40% mais caros do que quando comprei inicialmente. Desisti na hora”, afirma Pasquali.
Custos mais altos
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Segundo o último levantamento dos custos de produção da soja no Paraná, do Departamento de Economia Rural (Deral), os produtores estão pagando 6,1% a mais neste ano. Os produtos que mais encareceram foram as sementes e os fertilizantes, com 15,4% e 13,8%, respectivamente, comprovando a reclamação dos produtores.
“O adubo que no ano passado eu pagava R$ 70 por saco de 50 quilos, este ano está acima dos R$ 90, isso por conta desse dólar elevado. O óleo diesel é outro vilão, passou de R$ 2,70 por litro para pouco mais de R$ 3, um absurdo”, conta o sojicultor de Mangueirinha.
Apesar de os dados do Deral ainda não apontarem grandes elevações na área de transportes, a reclamação contra a alta do diesel realmente é geral no estado. “O diesel também está preocupando, pois já estava caro e agora o fornecedor está dizendo que vai subir mais 12 centavos e isso encarece muito o custo de produção”, afirma o agricultor de São Miguel do Iguaçu (PR).
Vendas antecipadas
Apesar disso, ambos produtores estão tentando antecipar as vendas de soja para garantir pelo menos os custos. Pablo Schmidt Rosa disse que até tentou negociar uma parte, mas que a cooperativa ao qual é filiado não chegou nos valores que ele queria. “Os preços já estavam bastante elevados e não toparam pagar o que pedi. Só que agora os valores subiram ainda mais e logo tentarei negociar de novo. A ideia é garantir os custos e um pouco de lucro, pois com essa mudança na política não saberemos como tudo ficará”, conta.
Já Daniel Pasquali disse ter travado 35% da produção esperada, suficiente para arcar com os custos com os insumos. “Nosso custo não ficou fora do que pagamos nos últimos anos, porque me antecipei. Mas o diesel e a semente ainda darão muita dor de cabeça e já me preocupo com a safrinha de milho ou de trigo”, garante.
Área semeada no estado
Segundo o Deral a estimativa desta semana é que o plantio de soja 2018/2019 foi iniciado já atinge 1% da área. O Deral informa que 100% das lavouras estão com bom aspecto, em fase de germinação.
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