‘Brasil pode virar o ano sem um grão de soja no estoque’, diz analista

Com guerra comercial entre China e Estados Unidos, Brasil terá oportunidade de negociar mais com o exterior. Poucas negociações dos produtores pode ser um entrave

O ano é promissor para os produtores de soja do país. A produção foi elevada, os custos não foram tão elevados e os preços estão atingindo patamares bastante remuneráveis. Para melhorar, a guerra comercial entre China e Estados Unidos ainda abriu a oportunidade de se vender mais soja para o exterior, que pode significar uma baixa significativa dos estoques de passagem do país, segundo o analista de mercado Enio Fernandes, da Terra Agronegócio.

Na última segunda-feira, dia 13, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou as condições das lavouras de soja do país e apontou uma piora das plantações da oleaginosa devido a falta de chuvas. Para o analista, a realidade local é outra e os produtores americanos estão contentes com os resultados vistos nas lavouras. “Os preços sobem e caem o tempo todo, o mercado é assim. Nestes momentos de alta o que vale mesmo é travar negócios, aproveitar o momento”, conta Fernandes ao programa Mercado & Companhia, do Canal Rural.

Entretanto, no Brasil, os negócios andam parados, com muitos produtores esperando valores ainda melhores para travar mais vendas. Fernandes aponta dois caminhos para os produtores brasileiros seguirem na hora das vendas. “Com os negócios parados no Brasil, por conta do frete o produtor pode tentar dois tipos de negócios – o primeiro vender a soja com preço fixo, algo difícil mas que algumas tradings estão fazendo, travando prêmios. O segundo ponto é o dólar, que está na casa dos R$ 3,90, patamares rentáveis para travar parte de negócios”, afirma ele.

Fernandes destaca que os altos preços negociados nos portos, chegando a R$ 92 por saca, são os melhores preços do ano e é preciso aproveitar isso, pois o país vive momentos instáveis que podem atrapalhar os negócios no futuro. “Tem produtor que ainda vive a esperança de, devido as eleições, os preços subirem mais puxados pelo dólar. Isso pode acontecer, mas é preciso vender aos poucos, pois lá na frente a coisa pode virar e complicar tudo. Uma situação factível é os agentes portuários fazerem greve, isso afetará as exportações e as vendas e o produtor perderia uma oportunidade”, ressalta o analista.

Mesmo com essa demora nas negociações o analista estima exportações recordes da oleaginosa, superando os 75 milhões de toneladas. Para ele isso levaria a uma situação um tanto inusitada ao país. “Devemos terminar o ano, quase sem estoque de soja. O Brasil pode virar o ano sem um grão de soja guardada”, afirma. “Mas para isso o produtor precisa aproveitar as oportunidades e vender.”

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