Tabela de fretes atrapalha escoamento e cooperativa está com silos abarrotados

Superintendente da Integrada Agroindustrial relata que mesmo tendo negociado os grãos no prazo correto, empresas compradoras não conseguiram retirá-los. Veja os vídeos!

Daniel Popov, de São Paulo
A nova tabela de fretes continua trazendo dor de cabeça aos setor agrícola brasileiro. O impasse e demora para a definição do caso está retardando os negócios e entregas de grãos, fazendo com que os silos de produtores e cooperativas, que já deveriam estar limpos para a nova safra, ainda estejam abarrotados com soja.

Na cooperativa Integrada, do Paraná, os armazéns estão completamente cheios ainda, conforme é possível notar nos vídeos abaixo. Segundo o superintendente comercial da Integrada Cooperativa Agroindustrial, João Bosco, a preocupação está aumentando, pois o fim do impasse sobre o caso parece que acontecerá apenas em agosto e, os silos cheios, atrapalharão na estratégia para o próximo período.

1º Fórum Soja Brasil – Safra 2018/2019

“Estamos tentando criar estratégias para isso, pois notamos a dificuldade de as empresas que compraram nosso produto, em esvaziar estes armazéns. Os produtos foram comercializados no prazo correto, mas essa greve dos caminhoneiros infelizmente impactou nesta limpeza”, conta Bosco.

Para ele, essa reformulação da tabela do frete onerou muito os transportes e essa conta acabará caindo no colo dos produtores. “Esperávamos que o governo fosse mais sensível, mas a reunião para discutir o caso acabou se estendendo muito e ficou para agosto, o que pra gente é tarde. E isso será ruim para todo o setor agrícola”, diz.

O executivo ressalta que uma das obrigações com os cooperados é receber a produção recém colhida, mas isso não tem sido possível. “Não concordamos com esse tabelamento, acho que o mercado deve definir isso. Já usamos o silo bolsa desde o ano passado, como alternativa para armazenar esses grãos, mas isso encarece o processo. Imagina se dá uma chuva, o prejuízo será grande”, diz Bosco.

O produtor de soja, Eduardo Costa Cassiano, de Goioerê (PR) também enfrenta o mesmo problema. Ele vendeu o grão para uma empresa antes do problema nos fretes e ainda está esperando a retirada. “Essa nova tabela tem dificultado muito o escoamento da nossa produção. Temos contratos feitos antes de tudo isso, que já deveriam ter sido cumpridos, ou seja, retirado os grãos. Mas, agora com a nova tabela, as empresas que vendi não conseguem buscar a soja e isso está atrapalhando nosso planejamento e recebimento do milho”, conta.

Além disso, Cassiano também não recebeu os insumos comprados para a nova safra. “Está atrasando a chegada do calcário, fertilizantes e sementes para a nova safra. Já estava com tudo comprado, mas com custos diferentes de quando o acordo foi firmado, a coisa está parada”, diz.

Aprosoja PR também se manifesta

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Paraná (Aprosoja PR), em nota divulgada nesta quinta-feira, disse que as cooperativas que não têm frota própria de caminhões, por isso sofrem para escoar a soja de seus silos para abrir espaço para o milho segunda safra. “E também para realizar as entregas de fertilizantes que estão no Porto de Paranaguá, que por sinal está abarrotado de fertilizantes”, disse o presidente da entidade, Márcio Bonesi. “Podem ocorrer atrasos no plantio da próxima safra de soja e consequentemente atraso do milho 2ª safra.”

Conforme Bonesi, os custos do tabelamento ficaram para o agronegócio. “O preço de produtos na lousa da cooperativa abaixaram e todos os custos do agronegócio subiram pois tudo do agronegócio depende do transporte rodoviário”, disse. Segundo ele, nas negociações com os líderes dos caminhoneiros, a ameaça de paralisação sempre vem à tona. “O agronegócio já está parado sem escoar as safras, sem receber os fertilizantes, e a população ficou com a alta de combustíveis e com toda alta dos alimentos e gás. Vamos ver se a população vai apoiar.”

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