Excesso de chuvas alaga lavouras e atrapalha colheita da soja em Mato Grosso

Especialista dá dicas para que os produtores evitem maiores prejuízos com o excesso de chuvas na colheita da oleaginosa

Pedro Silvestre, de Nova Mutum (MT)
O excesso de chuvas está dificultando a colheita de soja e comprometendo a germinação do milho safrinha na região médio-norte de Mato Grosso. Nas áreas mais baixas, lavouras estão submersas colocando em risco a produtividade das duas culturas.

O produtor Claudecir Francisco Cenedese está decepcionado. O talhão de 180 hectares de milho, recém plantado, está submerso e, corre o risco de nem germinar. Além disso, a colheita de parte lavoura de soja teve que ser interrompida.

“Tivemos 180 milímetros em 24 horas, parte dessas áreas fica em áreas baixas, que alagam muito. Perdemos as sementes, é praticamente impossível o milho resistir a toda essa água”, conta Cenedese.

O sistema de drenagem que ele tem na fazenda não foi suficiente para absorver tanta água. Em 2015, o produtor já teve muito prejuízo com o mesmo problema.

“Acordei a noite e escutei um barulhão de chuvas. Já vivi esse pesadelo várias vezes, nossa não gosto nem de lembrar. Toca fundo no emocional da gente. 2015 foi uma tragédia, altos investimentos em armazéns e quando chegou a safra, ficamos 16 dias sem usar as colheitadeiras. Quando conseguimos entrar, os 700 hectares estavam podres, tive que pegar o correntão com dois tratores e baixar a soja para poder plantar o milho”, relembra ele.

Segundo o engenheiro agrônomo, Júlio Cezar Zanetti da Silva, não há variedades que resistam a um clima adverso desses. E este ano, muitos produtores podem enfrentar a mesma situação.

“O excesso de chuvas em uma área pronta para colher, vai refletir na qualidade do grão e na produtividade. O cara vai ver grãos germinando nas vagens, grãos ardidos e perda de peso. Fica um alerta para o produtor ficar atento com essas chuvas e as próximas áreas que irão ser dessecadas para ter cautela, escalonar a dessecação para que na colheita não chegue tudo junto e não se acumule todas as áreas para colher”, ressalta.

Na fazenda de Lucas Beber, também em Nova Mutum (MT), a colheita da soja avança conforme a chuva permite. Para não perder tempo, as máquinas colhem os grãos mesmo com umidade acima do padrão. Isso porque a propriedade possui um armazém com secador próprio. Só que a falta de espaço na estrutura, também tem prejudicado o ritmo dos trabalhos.

“Ontem eu colhi uma parte com 30% de umidade. A menor umidade foi 26% até trinta e a maior 32% de umidade. Muito alto esses valores, isso dá muito desconto na entrega. Como tenho armazém, não tenho desconto, mas estou com muitas colheitadeiras paradas ainda e soja para colher”, diz Beber.

Para o presidente do Sindicato Rural do município, Emerson Zancanaro uma coisa é certa: a produtividade será inferior a do ano passado. “Nós tivemos uma instalação, lá em setembro e outubro, muito seca. Também tivemos uma seca em janeiro, que pegou as lavouras do ciclo tardio e enchimentos de grãos. A produtividade deve ficar menor em até 1,5 sacas em relação ao ano passado”, diz ele.

Nas redes sociais

Nos grupos de WhatsApp também estão circulando alguns videos e imagens de áreas de soja alagadas, como o caso abaixo que, segundo relatos aconteceu no município de Sorriso (MT), nesta quinta-feira, dia 1 de fevereiro.

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