Vídeo de poda da soja faz sucesso na internet. Mas isso é bom para a planta?

Embrapa Soja analisa as imagens e dá o parecer técnico sobre o assunto. Assista o vídeo e veja a conclusão da entidade

Daniel Popov, de São Paulo
Um vídeo que está viralizando nas redes sociais mostra um agricultor podando o topo das plantas de soja. Mas, será que isso traz ganhos na lavoura? Segundo a Embrapa Soja esta técnica não é recomendada, pois em nenhum dos testes ela trouxe benefícios, sem falar que ainda elevou os custos.

A cada safra algum produtor rural tira uma grande ideia do chapéu para tentar elevar a produtividade ou reduzir custos. Já vimos aqui no Soja Brasil sobre o plantio cruzado, que prometia melhor aproveitamento de plantas por hectare, ou até mesmo a colocação de esterco em soja já emergida.

“A primeira vez que ouvimos falar de produtores podando a soja foi na safra 2015/2016, também através de vídeos recebidos via Whatsapp. Muitos produtores acabam inventando métodos de manejo diferentes, pensando em melhorar a produtividade. Mas, poucos casos acabam sendo testados tecnicamente e demonstram o resultado que se espera”, garante o pesquisador da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot.

Por que fazer isso?

Apesar de o vídeo não explicar a razão que levou o produtor a optar pela poda, o pesquisador da Embrapa listou três possíveis razões:

– A primeira é ele cortar o topo da planta para que ela tenha maior ramificação, ou engalhamento como é conhecido entre os produtores;

– A segunda é reduzir a área foliar do topo para a melhor penetração dos defensivos agrícolas;

– A terceira é para evitar o acamamento, já que algumas variedades são mais suscetíveis a este problema

“Em nenhum dos casos a roçada é a indicação técnica adequada. Existem métodos mais simples de manejo e escolha de variedades que evita estes problemas. Sem falar no grande risco que a lavoura corre, caso tenha um longo período de seca. Se isso acontecer a planta não conseguirá se recuperar e a quebra pode ser maior”, garante Balbinot.

Soluções para estes problemas

No primeiro caso: “ existem variedades que ramificam mais e não tem tanta altura, vale verificar se a sua região possui alguma planta com estas caracteristicas.”

No segundo caso: “é preciso respeitar a distância mínima entre as plantas na mesma linha e nas entrelinhas. Se isso acontecer, juntamente com a variedade correta, o produtor não terá problemas.”

No terceiro caso: “Se a sua região costuma acamar a soja, veja se está usando a variedade correta, pois muito provavelmente esteja usando uma variedade mais alta que o indicado.”

Por fim, Balbinot ressalta que essa prática não é indicada pela pesquisa, não só pelos possíveis problemas que a planta enfrentará, como também pelo custo extra para este manejo.

“Esse, não parece nenhum maquinário comum que se usa no campo. Deve ser uma adaptação feita pelo produtor para realizar a tarefa”, garante ele. “O que este produtor estava procurando fazer com a roçada ele deveria conseguir com outros métodos, que realmente são eficientes, não tem custo adicional e não tem riscos.

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