Preço baixo faz produtor de soja buscar alternativa para negociação

Com safra recorde nos Estados Unidos e boa perspectiva no Brasil, preços da oleaginosa caem bastante e atrapalham negociações antecipadas

André Anelli, de Campo Novo do Parecis
O ritmo de venda da safra de soja de Mato Grosso está mais lento que no ano passado. O preço baixo do grão tem levado muitos produtores a negociar com empresas de insumos e até com os bancos.

O mercado futuro da soja, negociado na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, segue em baixa. Com isso, no oeste de Mato Grosso, a comercialização antecipada também está abaixo da média, porque o preço da soja no mercado interno não agrada. Alguns, encontraram até uma saída para perder menos, preferem negociar trocas com indústrias de insumos, para custear as despesas da lavoura.

Na propriedade de Sérgio Stefanello o campo está formado e com expectativa de produtividade acima das 60 sacas por hectare. A boa perspectiva é atribuída ao volume satisfatório de chuvas no município de Campo Novo do Parecis, oeste de Mato Grosso.

“Começou a chover no fim de setembro. As chuvas foram mais generalizadas e muito bem distribuídas. Então, a região do Parecis está com o clima melhor do que normalmente. O pessoal plantou cedo e a lavoura está com um desenvolvimento excepcional”, diz Stefanello.

A possibilidade de uma safra boa no Brasil, se juntou a expectativa americana, e a super oferta do grão já reflete no preço, que segue baixo e tem desestimulado o produtor. Segundo o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária, 32% da produção do estado já foi comercializada no mercado futuro. No mesmo período do ano passado, a safra já estava 44% negociada.

“Essa redução da comercialização se deve ao preço que tem sido baixo, desde a última grande safra americana, os preços caíram para US$ 9 por bushel e isso não tem remunerado o produtor brasileiro. Eles têm segurado essa negociação, aguardando momentos em que o mercado dá picos acima de US$ 10 por bushel”, explica o agricultor, Adolfo Petry.

Uma saída encontrada pelos produtores é negociar diretamente com empresas de insumos. Segundo o Sindicato Rural do município, a troca da produção por fertilizantes, defensivos e sementes tem compensado mais do que as negociações nas bolsas de mercadorias. Quando a comparação é feita com os bancos, a troca para pagar o custeio também tem compensado.

“Está cada vez mais difícil acessar o recurso nas instituições financeiras. Aumentou os custos, têm banco cobrando até pela análise de crédito. Pagamos uma consultoria particular para o seu projeto e ainda tem que pagar o banco para analisar de novo? Quando o produtor coloca no papel o valor que ficaria o custeio e o valor que ficaria o produto na revenda, ele prefere fazer a troca”, diz a presidente do sindicato, Giovana Velke.

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