Sojicultores do Paraná investem em agricultura de precisão para melhorar manejo

O intuito inicial não é reduzir os custos de produção, mas esta economia acaba acontecendo, aliada a melhora produtiva da lavoura

André Anelli, de Cascavel (PR)
Os produtores paranaenses já são reconhecidos como referência para a agricultura brasileira. Quando o assunto é a soja então, ninguém bate a média produtiva do estado, que na última safra chegou a incríveis 62 sacas por hectare, um recorde histórico no país. Sempre a frente das tendências do setor, agora os agricultores estão investindo na agricultura de precisão, que já ocupa milhares de hectares no estado.

Imagine ter uma lavoura inteira em uma folha de papel, ou melhor na tela de um computador. O recurso está em alta entre os produtores de Cascavel (PR). Na propriedade em que trabalha o engenheiro agrônomo, Rafael Húngaro, foram mapeadas as áreas com variação de produtividade. As manchas vermelhas e amarelas indicam baixo índice, enquanto as verdes significam alta produtividade. O tratamento do solo é feito com aplicações de calcário, fósforo e potássio, distribuídos em doses diferentes e tudo é colocado no sistema.

“Levamos em consideração a textura do solo. Uma tabela indica o nível ideal de fósforo, que é diferente em um solo mais argiloso ou arenoso. Aqui em Cascavel, a média de solo, pelo menos onde já mapeamos, gira em torno de 65% de argila. Com isso, nossa base de cálculo mostra como está o nível da textura e fazemos a correção”, conta Húngaro.

De olho neste avanço e também em otimizar o uso dos recursos na propriedade, o produtor João Cunha, irá adotar o sistema pela primeira vez. “Temos que enriquecer o solo, para que possa produzir cada vez mais. Naquelas áreas onde já produzimos uma certa quantidade de soja, com uma média de 70 sacas por hectare, tudo bem. Mas, tenho outro talhão produzindo 40 a 50 sacas. Com este sistema na área que produz mais, posso verificar e colocar menos adubo. E na área onde eu preciso, coloco mais”, justifica.

O custo da agricultura de precisão para o produtor do Paraná é de R$ 60 por hectare a cada safra. Apesar do valor, a empresa consultada pelo Projeto Soja Brasil prevê aumentar 8 vezes a área atendida com a tecnologia até o próximo ano, chegando a 10 mil hectares só no oeste do estado.

“Estabelecemos 1,5 mil hectares com aqueles produtores que já tínhamos relacionamento comercial. Saíram os primeiros resultados, primeiras análises e a contrapartida já começou, com os vizinhos daqueles produtores nos procurando”, afirma o engenheiro agrônomo, Vanderlei Campos.

O consultor do Projeto Soja Brasil, Aureo Lantmann diz que a agricultura de precisão deve avançar além do monitoramento do solo. A expectativa é que possa auxiliar também no controle de pragas. “

“Além da questão de fertilidade que está muito bem equacionada, temos perspectivas em curto prazo para o controle de ervas daninhas, que também tem um custo elevado. Hoje, há procedimentos com sensor, que analisa o terreno, percebe onde estão as ervas daninhas e aplica o herbicida. Isso vai trazer uma redução do custo que especialistas acreditam que vai chegar a 70%. É um avanço extremamente significativo”, diz o consultor.

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