O câmbio vai salvar ou atrapalhar as vendas de soja? Veja o que dizem os especialistas

Especialistas explicam como o dólar pode variar até o final do ano e a perspectiva para 2018. Eleições no Brasil e a polÍtica econômica americana podem mudar cenários

Roberta Silveira, de São Paulo
O dólar tem subido nos últimos dias e melhorado a vida dos produtores de soja interessados em antecipar as vendas. Muitos se perguntam se este movimento indicaria uma nova tendência para a moeda. Alguns especialistas explicam o que vem acontecendo e a tendência para o futuro.

Na última semana, o dólar teve a maior valorização frente ao real em mais de um mês. Em 18 de agosto, a cotação registrada era de R$ 3,19. Em 8 de setembro, o câmbio recuou para R$ 3,09. E no último dia 27 (setembro) chegou novamente a R$ 3,19.

Segundo especialistas, o dólar subiu na última semana impulsionado pela perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos, que pode acontecer até dezembro e tende a valorizar a moeda norte americana. Mas, o movimento de alta no Brasil pode ser amenizado pelo cenário interno. O último boletim Focus, que é um relatório de mercado do Banco Central, aponta a cotação em 3,16 para o fim do ano.

“Primeiramente, com as exportações crescendo bem mais que as importações, temos um saldo da balança comercial positivo. No final do ano estimamos um total de US$ 70 bilhões.”, diz César de Castro Alves, analista de mercado MB Agro. “O lado da política acaba influenciando bastante o câmbio. E a situação se acalmou nos últimos meses, a verdade é essa. Muita coisa precisa ser feita para resolver a questão fiscal, as reformas e a principal delas, a previdência, que ainda não saiu.”

O analista, Gustavo Rezende de Machado, da Agrifatto, comenta que o dólar mais valorizado não prejudica o produtor, pois ele já comprou os insumos para a safra. E ainda beneficia quem exporta, principalmente no caso do milho, que concentra as vendas no segundo semestre. Para a comercialização da próxima da temporada 2017/2018, ele faz uma projeção de quanto o dólar pode oscilar.

“Se tiver um novo evento que venha a pressionar o dólar para patamares mais altos, a resistência fica em R$ 3,26. Se o cenário brasileiro, especialmente até o final do ano, tiver maior estabilidade e segurança ao mercado o dólar tende a diminuir. Sendo assim, a tendência é uma redução de valores, para R$ 3,08, que é pela análise gráfica”, diz Machado.

Para o economista Celso de Campos Toledo Neto, da LCA Consultores, o dólar voltará a se valorizar em meados de 2018, com a proximidade da eleição presidencial. “O câmbio que geraria equilíbrio hoje é alguma coisa próxima a R$ 3,50. Talvez um pouquinho mais do que isto. Este é o câmbio que deixa as contas externas tranquilas e o exportador feliz”, conta Neto.

Mas, ele recomenda que o produtor de grãos não espere pelo dólar ideal e comercialize a safra aos poucos e em vários momentos, para obter uma remuneração mais satisfatória. “O ideal é ir fazendo aquele preço médio, se defendendo. Vender antecipadamente um pouco da produção com este câmbio. E deixar um pouquinho para negociar mais a frente”, finaliza.

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