Rentabilidade do produtor com a soja está caindo há cinco anos

Segundo levantamento do Cepea o custo desta temporada deverá ficar em torno de 41 sacas por hectare. Desta vez, o câmbio não irá mascarar a perda da renda

Carolina Guedes, de São Paulo
A rentabilidade do produtor vem caindo bastante nos últimos meses.  A situação que já não está muito animadora pode piorar ainda mais. Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que o custo médio da lavoura de soja este ano vai chegar a 41 sacas por hectare. A dica dos especialistas para garantir a renda é investir em tecnologia e otimizar a mão-de-obra.

Três fatores serão determinantes para a queda da rentabilidade nesta safra: os preços menores da soja no mercado internacional, a estabilidade do câmbio e o aumento do preço do diesel. Só que esta já não é a primeira safra problemática para o sojicultor, segundo o pesquisador do Cepea, Mauro Osaki, a margem de lucro dos produtores já vem caindo há pelo menos 5 anos.

“Isso se dá pela queda dos preços internacionais das commodities agrícolas, Em 2014/2015, 2015/2016 tivemos um efeito mascarado pelo câmbio, o que trouxe uma receita bruta positiva e o produtor acabou não percebendo que essa rentabilidade realmente recuou. Ao contrário do produtor americano, que já estava observando desde esse período”, diz Osaki.

O custo da safra de soja 2017/2018 deve ficar em torno de 41 sacas por hectare, enquanto a produtividade média deve ser de 52 sacas. A conta que já é apertada pode ficar ainda pior em algumas regiões. “Só tomando como exemplo, Sorriso, que precisará de pelo menos 53 sacas na média para fazer o custo operacional efetivo, a margem ficará muito curta”, conta o pesquisador.

Para Décio Zylbersztajn, coordenador do Centro de Conhecimento em Agronegócios (Pensa-USP), nem mesmo esta margem apertada deve afugentar os investimentos no campo. Mas, ele alerta que o momento de fechar negócios é que vai definir o lucro do produtor. “A gente conhece o produtor. Obviamente o planejamento estará associado a questão dos termos de troca e a melhor possibilidade de aquisição de insumos no timing mais adequado Quem atua com commodities tem que cuidar muito mais de custo, porque não vai poder mexer muito do outro lado. Por isso o papel das cooperativas tem sido diferenciado no desempenho dos produtores”, conta Zylbersztajn.

Diante deste cenário a recomendação ao produtor é tentar investir em tecnologias e otimização da mão-de-obra. “Nós temos vários ajustes a serem feitos, Buscar eficiência não somente no aumento da produtividade, mas em termos de ganho de eficiência de operação mecânica, Uso melhor e racional dos fatores de produção. Se comparar uma fazenda americana que tem 1 família, 2 ou 3 tocando uma fazenda de 700 hectares, nós ainda temos uma estrutura bastante robusta, com muita gente trabalhando”, afirma Osaki.

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