Evento em Ituverava (SP) marca o primeiro Fórum da sexta edição do projeto e também a criação da Aprosoja São Paulo
Daniel Popov, de São Paulo
Todos os anos, antes do inicio da semeadura da soja, o Projeto Soja Brasil traz debates importantes sobre as perspectivas para a nova temporada. Neste ano não foi diferente, com especialistas renomados abordando assuntos sobre manejo, clima e mercado financeiro. O evento, realizado em Ituverava (SP), ainda contou com uma solenidade de lançamento da nova unidade estadual da Aprosoja, em São Paulo.
A escolha de São Paulo como sede do primeiro evento do ano, do Projeto Soja Brasil – Safra 2017/2018, não foi a toa. O estado está em plena expansão de lavouras de soja, muitas inclusive, servindo como opção para a rotação da cana-de-açúcar. Para se ter ideia, em dez anos a produção do estado cresceu 114%, chegando a 3 milhões de toneladas na safra 2016/2017. A área, no mesmo período, cresceu apenas 56%. Prova de que o estado tem investido na cultura e conseguido boas produtividades.
O interesse dos produtores rurais de São Paulo pela soja é tão grande, que a própria Aprosoja, após inúmeros pedidos, resolveu criar uma unidade no estado. O presidente do Sindicato Rural de Ituverava, Gustavo Chavaglia, que também é produtor de soja e cana, foi nomeado como presidente da nova entidade. “O desafio agora é levantar todas as possibilidades de expansão e dificuldades dos sojicultores do estado. Tenho certeza que a soja pode ganhar espaço por aqui também e servir como opção para culturas como a cana, por exemplo”, comentou o agora presidente da Aprosoja São Paulo, durante a solenidade de lançamento.
Antes do lançamento da Aprosoja, os participantes do Fórum puderam tirar todas suas dúvidas para iniciar o plantio com uma estratégia eficaz para o ano. O painel que mais gerou expectativa entre os entrevistados, foi do analista Gil Barabach, da consultoria econômica Safras e Mercado. Isso porque o tema de sua apresentação “Perspectiva do mercado da soja”, em um ano que muitos produtores estão atrasados com a comercialização, trouxe um raio X da situação atual e como deve ficar.
“Foi importante trazer ao produtor a situação do clima nos Estados Unidos, os estoques recordes mundiais, problemas com o câmbio desvalorizado e cotações oscilantes. Com isso, eles poderão se planejar melhor e tentar acertar na comercialização, caso contrario terão problemas”, diz o analista.
Outro tema bastante curioso, apresentado pela Embrapa, foi um estudo de cinco anos sobre alguns métodos de manejo alternativos, como o plantio cruzado, maior espaçamento entre linhas e até uso de mais sementes por hectare. “Foram cinco método que traziam muitas dúvidas aos produtores e finalmente desvendamos se eles trazem ou não mais produtividade”, contou o pesquisador Alvadi Balbinot. “Em resumo, o método tradicional é o mais produtivo e barato mesmo, sem invenções.”
Por outro lado o pesquisador ainda ressaltou, que algumas técnicas terão que ser estudas separadamente, como o plantio em fileiras duplas, muito comum nos Estados Unidos. “De forma geral este método não traz vantagens ou desvantagens. Entretanto, se avaliarmos algumas regiões que sofrem com o mofo branco, ela pode ser uma alternativa”, diz.
Por fim, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e conselheiro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), abordou o tema “Os desafios da biotecnologia na safra 2017/2018”, mostrando que usar corretamente as biotecnologias atuais, poderá evitar gastos desnecessários e preservação dos produtos. “Algumas tecnologias já estão perdendo sua eficácia e pode demorar 10 anos até serem lançadas alternativas para elas. Por isso é importante preservar”, disse Gravina.