Busca por armazéns públicos para a soja cresce 1.300%

A oleaginosa já ocupa uma capacidade de 102 mil toneladas na Ceagesp e este montante pode crescer ainda outros 100 mil toneladas

Roberta Silveira, de Avaré (SP)
A procura para estocar soja em armazéns públicos cresceu mais de 1.300% em São Paulo. Isso foi causado pela queda dos preços e atraso no ritmo de comercialização dos agricultores do estado em pelo menos 7%.  Outra razão é a entrega de grãos vindos do Mato Grosso, que pode levar a capacidade estática da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) ao limite.

A soja está ocupando hoje um espaço de 102 mil toneladas nos armazéns da Ceagesp, ou seja, 1357% a mais que em junho do ano passado, quando os estoques da oleaginosa não ultrapassavam nem as 7 mil toneladas. Em uma destas unidades, localizada em Avaré, a quantidade de soja armazenada cresceu 730% em um ano e já começa a faltar espaço para atender a demanda da região. “Ainda temos algum espaço para atender a produtores individuais. Já os grãos das cooperativas estamos mandando para outras unidades, porque aqui não cabe mais”, comenta o encarregado da unidade, Felipe Ribeiro Munhoz.

Esta elevação excessiva na busca por armazéns não foi causada só pelo aumento expressivo da produção de soja no país, estimado em 114 milhões de toneladas de soja na safra 2016/2017 de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso também se deve a entrada de uma imensa safra de milho, que pode superar a casa das 100 milhões de toneladas.

Um complicador em ambos os casos foi a comercialização lenta, devido a queda nas cotações de ambas as culturas. No começo do ano, ainda era possível negociar a soja a um valor de R$ 80 por saca e o milho a pelo menos R$ 40 por saca. Hoje, os valores estão na casa de R$ 60 e R$ 20, respectivamente. “Quando o preço cai, como aconteceu, o armazenamento é a melhor opção. Nestes casos, o agricultor armazena e, conforme o preço do produto sobe, vende para pagar a armazenagem e ter uma lucratividade maior por isso”, garante Francisco Laface Netto, engenheiro agrônomo Ceagesp.

Nestes armazéns públicos, o custo para armazenar uma saca de soja é de R$ 0,40 por mês. Para o milho, em torno de R$ 0,30 por saca. A produtora rural, Mariana Figueiredo Salvador, fez as contas e mandou para o armazém 14 mil sacas de soja, metade da colheita deste ano. “Estamos esperando para fazer vendas pontuais nos picos dos preços. A ideia é ir negociando devagar, tentando assim melhorar a rentabilidade”, conta ela. “Na soja, foi a primeira vez que acabamos deixando armazenada por tanto tempo assim.”

Outra razão para os produtores buscarem armazéns públicos para armazenar a soja é a entrada da safra de milho. Na propriedade de Mariana, por exemplo, em menos de 20 dias o milho será retirado do campo e com a saca sendo negociada a menos de R$ 24, o jeito é estocar milho também.

Segundo a Ceagesp, apesar de toda esta busca por armazéns públicos, ainda há espaço nos 18 armazéns para absorver os grãos, não só de São Paulo, mas também de Mato Grosso. “Temos ainda 174 mil toneladas livres para atender estes produtores”, diz Francisco Laface Netto, engenheiro agrônomo Ceagesp. “Vimos que muitos produtores do centro-Oeste estão com problemas, colocando milho no chão e como somos rota para o porto de Santos, podemos receber estes produtos.”

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