Excesso de produção mundial está retardando as vendas da oleaginosa no Brasil. Segundo analista de mercado a perspectiva não é muito animadora
Daniel Popov, de São Paulo
A entressafra é período entre uma safra e outra. Normalmente é o momento em que os preços da soja tendem a subir um pouco, devido a diminuição da oferta. É claro que haverá este intervalo entre as temporadas 2016/2017 e 2017/2018 da oleaginosa, mas só no campo. Na comercialização a tendência é que haja muito produto no mercado.
Com a perspectiva de colher mais de 111 milhões de toneladas de soja no país, juntando com o provável aumento de área nos Estados Unidos, o que se vê é uma super oferta de soja no mundo. Consequentemente os preços têm caído e as vendas, pelo menos no Brasil, seguem estagnadas.
A comercialização da safra 2016/2017 de soja envolve hoje 46% da produção projetada, conforme relatório de consultoria Safras & Mercado, com dados recolhidos até 7 de abril. Em igual período do ano passado, a negociação envolvia 61% e a média para o período é de 57%. “As vendas seguem praticamente paradas em todo o país. No começo foi o câmbio baixo que atrapalhou, agora se juntou a ele os preços ruins. O resultado é este, lentidão na comercialização”, garante Luiz Fernando Gutierrez.
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Com este atraso, a perspectiva do mercado é que no período de entressafra da cultura ainda tenha muita oferta de produto gerando certa manutenção baixista dos preços. “Isso vai ocasionar um período menor para negociar a safra, já que o excesso de oferta diminuirá os efeitos conhecidos da entressafra, ou seja, menos oferta e preços melhores”, conta Gutierrez. “O produtor terá que negociar o que tem. Terá que encontrar um valor menos pior e vender.”
Alguns estados, como o Mato Grosso, São Paulo e Paraná estão com suas negociações atrasadas, mas não tanto. O estado do Centro-Oeste, por exemplo, vendeu 60% da safra, contra os 69% da média. Já os paulistas negociaram 42%, ante os 46%.
O estado mais atrasado é Santa Catarina que negociou apenas 20%, das 2,3 milhões de toneladas previstas. Na média o volume superaria os 36%. O Rio Grande do Sul também pode ter problemas já que suas vendas não superam os 28%, contra os 38% da média normal para o período.
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