Saiba como usar a tecnologia para blindar a sua lavoura de soja

Pesquisador da Embrapa separou 4 dicas importantes para garantir que os fungicidas, herbicidas, variedades Bt entre outros produtos continuem sendo efetivos no controle das lavouras

Daniel Popov, de São Paulo
A cada safra que se inicia mais relatos surgem sobre produtos perdendo suas eficiências no campo. Sejam elas, variedades de soja resistentes a lagartas que já não são como antes, herbicidas que não controlam tão bem, ou mesmo o avanço anual da temida ferrugem asiática. A culpa não é da tecnologia, mas sim do manejo inadequado e uso indiscriminado delas, garante o pesquisador da Embrapa Alvadi Balbinot Junior, que palestrou sobre o assunto no quarto Fórum Soja Brasil desta temporada, que aconteceu em Não-Me-Toque (RS), nesta quinta (9).

Para entender o que acontece e porque estes produtos perdem a sua eficácia, o pesquisador relembra a história da evolução. Ou seja, espécies mais resistentes a determinados produtos, sobrevivem e, em cruzamento com outras resistentes, ampliam a população de insetos, plantas e fungos resistentes, eliminando completamente os mais fracos e fazendo com que as tecnologias percam sua eficiência. “É difícil ver novos eventos como estes serem lançados no mercado. O que existe é um novo inseticida ser lançado, mas com o mesmo mecanismo de ação de um produto usado desde a década de 1980, ou seja, não muda nada. O que falamos são novos produtos com princípios ativos diferentes e isso é difícil de surgir”, explica ele.

personagem soja

Para se ter uma ideia de tempo e porque é melhor conservar as tecnologias existentes, depois de pensar em algo novo, uma empresa pode levar até 15 anos para lançá-la no mercado. E olha que a parte mais difícil, não é essa, mas sim criar algo inovador. “O prazo para surgimento de novas tecnologias, com princípios ativos diferentes, é variável. Muitas vezes um produto leva,até ser pesquisado, desenvolvido, validado, registrado e colocado a venda no mercado,  mais de 15 anos”, alerta Balbinot Junior.

Dicas importantes:

Para ajudar o produtor o pesquisador da Embrapa, destacou quatro pontos importantes a serem levados em consideração no dia-a-dia na lida no campo.

1 – Soja Bt

No Brasil, esta é a única tecnologia do gênero que produz uma toxina para controle de algumas espécies de lagartas, principalmente a espécie lagarta da soja, que é a mais comum.

Para sua preservação e longevidade, os técnicos agrícolas e produtores precisam fazer o refúgio com variedades de soja não resistentes a pragas. Com isso, espécies resistentes de pragas cruzam com insetos não resistentes, e originam espécies não resistentes.

2 – Herbicidas  

O segundo ponto é a questão dos cuidados para se prevenir contra o aparecimento de plantas daninhas e a resistência delas aos herbicidas, principalmente o Glifosato, que é o produto mais usado nas lavouras, tanto na dessecação pré-semeadura, como o controle de plantas daninhas após o crescimento das plantas de soja.

O pesquisador comenta que o modo de evitar esta resistência das plantas daninhas aos produtos comumente usados, é fazer uma rotação de herbicidas do mercado. Ou seja, usar tecnologias com diferentes princípios ativos.

3 – Fungicidas

Assim como o item acima, os fungicidas também têm apresentado falhas no controle de doenças como a ferrugem asiática. A razão é a mesma, uso indiscriminado de um só produto, e para piorar de maneira incorreta.

O principal cuidado com eles é a mesma dos herbicidas a rotação de produtos, com diferentes princípios ativos.

4 – Inseticidas

O quarto e último ponto é sobre os inseticidas, muito usados no controle de uma praga considerada até pior que as lagartas, os percevejos. Todo o ano, mais relatos surgem dizendo que que estes insetos estão se tornando resistentes aos produtos no mercado.

Neste caso, a recomendação é nunca usar produtos para controle de lagartas (normalmente aplicados no inicio do ciclo da soja), que também tenham princípios ativos que controlam percevejos. Os produtos contra percevejos são pouco no mercado e devem ser usados só depois da fase de formação das vagens e enchimentos dos grão.

Outras medidas

Uma dica que sempre é dada em todos os casos é o produtor fazer a rotação de culturas, diferente da sucessão entre as culturas da soja e milho realizada comumente. “O produtor precisa se atentar para a rotação de culturas, porque isso o obriga a usar produtos diferentes. Sem falar que isso melhora a condição das lavouras em longo prazo”, comenta ele.

Veja mais notícias sobre soja

chamada whatsapp