Condomínio de armazéns reduz custos e favorece negociações

Além destes benefícios, a união entre produtores para a construção e a manutenção do empreendimento graneleiro garante a qualidade do produto e melhora também os gargalos logísticos com o frete

A falta de armazéns para estocar grãos já é um dos principais gargalos da agricultura brasileira. Realidade vista a cada final de colheita, nos portos brasileiros, onde se acumulam caminhões sem nem mesmo possuir um navio para descarregar os grãos que carregam e por lá ficam até uma definição, os conhecidos armazéns sobre rodas. Para tentar minimizar este problema, garantir a integridade da produção e reduzir custos, alguns produtores do Paraná estão formando condomínios de armazéns e demonstrando que é possível se unir para ganhar.

No município de Palotina, no oeste do Paraná, cansados de perder dinheiro e qualidade dos grãos, por não possuir uma armazenagem adequada, produtores resolveram se unir para montar espaços coletivos para armazenagem dos grãos, gerenciados pelos próprios agricultores.

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Este é o caso do sojicultor Adyr Dazzi, o mais experiente no sistema. Há dez anos ele e mais 13 produtores resolveram se unir pra formar o primeiro condomínio da região. Segundo ele, os altos custos para montar e manter a estrutura foi o gatilho para ele e conhecidos começarem a pensar no caso. “No banco, em busca de recursos, o gerente incentivou que nos juntássemos para formar uma parceria. Fomos atrás de documentação, formamos um estatuto e partimos para a compra do terreno e assim por diante comprando as coisas que precisávamos”, conta Dazzi.

Essa região do Paraná é tradicional nestes sistemas, que tem como base a organização e o trabalho em conjunto, como as cooperativas e associações. O condomínio vai nesta mesma linha e tem como principal razão a diluição dos custos. E isso já pode ser visto logo de saída, para instalar um silo com capacidade para 360 mil sacas, por exemplo, o investimento é de no aproximadamente R$ 15 milhões. “Fazendo o condomínio, você dilui o custo do secador, da estrutura e dos funcionários que trabalham no condomínio entre todos os produtores. Facilitando muito o processo”, garante o agricultor Darci Curioletti.

Para que tudo funcione bem, existem algumas regras e cada produtor tem a sua cota parte para usar. A formação do condomínio usa como referencia o total da área de cada produtor e quanto ele colhe. Para facilitar o processo os agricultores consideram adequado que se tenha entre dois mil e cinco mil hectares. “Cada produtor tem a liberdade, dentro de sua cota, de receber e entregar o produto, fazer a classificação, padronização e manter a armazenado”, diz o produtor Jonas Vandruscolo.

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Apesar do respeito a individualidade em negociar, os produtores se organizam, muitas vezes para conseguir ainda mais vantagens juntos, como negociar um volume maior do produto a um preço melhor, ou mesmo descontos no transporte. “Formando lotes com os companheiros de silos, conseguimos melhorar o preço obtido pelo produto”, conta Antonio Marcos Galli. “Sem falar no frete, que conseguimos diminuir os gastos também.”

Hoje, em Palotina, são cinco condomínios de produtores e boa parte da colheita desta safra será armazenada nas estruturas construídas por este pessoal. Por lá, não só grandes produtores estão envolvidos, mas os médios e pequenos também. Alcione Burin faz parte do próximo condomínio a ser construído na cidade, junto a outros 17 produtores. Eles já têm o local onde vai ser instalada a estrutura e estão preparando toda a documentação para dar andamento no processo. A expectativa é que o empreendimento esteja pronto no final do ano que vem. “Analisando os custos e outros benefícios, resolvi participar também. Principalmente para poder agregar valor a nossa produção”, afirma Alcione.

Entre os exemplos práticos dos benefícios dos condomínios de armazéns, é o preço não remunerador pago pela soja na época da colheita. Sem ter onde estocar, muitos produtores se veem obrigados a negociar a safra pelo preço que encontra, mas com o armazém ganha-se o poder de barganha. “Os produtores negociaram o suficiente para arcar com os custos, mesmo recebendo pouco. Agora, o restante comercializarão lá na frente, quando os preços melhorarem”, frisa Edmilson Zabott, vice presidente Sindicato Rural de Palotina.

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