O agente de fiscalização Pedro Silva trabalha no Parque Nacional há 26 anos. Ano após ano ele vê a vegetação ser destruída pelas queimadas. A sensação é de trabalho perdido:
– Tudo começou com um pequeno incêndio que pode ter vindo até de uma ponta de cigarro. Neste caso é muito triste porque a gente tenta combater e acaba tendo que chamar os bombeiros, brigadistas e ficar no campo combatendo.
Desta vez, em três dias, as chamas consumiram mais de 11 mil hectares dos 42 mil de área preservada. A chefe do Núcleo de Proteção e Defesa do Parque, Juliana Alves, explica que o momento agora é de tentar salvar animais feridos ou refugiados em áreas isoladas.
? A gente fica muito triste com a situação. Estamos acostumados a trabalhar e ver os bichos com mais freqüência e agora eles se afugentam.
De acordo com ela, a vegetação vai levar pelo menos dois anos para se recuperar e, provavelmente, nunca voltará a ser como era.
? A recuperação vai se dar de forma lenta. Com a chegada da chuva começam as rebrotas e a expectativa é que dentro de dois a três anos ela comece a tentar a voltar ser como era antes, mas igual ao que era nunca vai voltar a ser porque o estrago foi maior.
A ONG Conservação Internacional, que atua na preservação dos biomas brasileiros há mais de 20 anos, alerta: a frequência das queimadas está mudando o cenário do Cerrado.
? São áreas que vão perdendo a capacidade de se regenerar. Vão perdendo espécies, sejam animais ou vegetais, o que é irreversível. São espécies que já estão em extinção e que não terão a chance de sobreviver ? alerta o diretor da ONG, Valmir Ortega.