Terminal ferroviário beneficiaria os produtores do estado, mas os problemas de estrutura no caminho não devem deixar os fretes mais baratos
Marcelo Lara | Palmas (TO)
No sul do Tocantins, um terminal vai entrar em operação na Ferrovia Norte-Sul nesta safra, porém o problema é como chegar à ferrovia. O que seria motivo de comemoração virou problema. Isso porque os percursos mais curtos, que compensam o frete, dependem de duas pontes. Uma está condenada e outra vai depender da decisão da prefeitura de Palmas, que quer proibir o trafego de caminhões pela cidade.
A ponte sobre o rio Tocantins em Porto Nacional foi condenada em 2011. Apenas caminhões com peso abaixo de 30 toneladas estão liberados. A licitação para construção de uma nova ponte foi aprovada em dezembro do ano passado e vai custar R$ 122 milhões. A questão é que ela só vai ficar pronta em 2018. A alternativa seria passar pela ponte da Integração Nacional, em Palmas, mas a prefeitura pretende impedir a passagem de caminhões neste ponto da cidade.
– Ou a prefeitura de Palmas libera este transito para nós ou a coisa vai ficar muito difícil. Vamos ter que fazer uma volta de mais de 300 km para ter acesso ao terminal ferroviário. Com certeza vai ficar caro, tem muitas empresas que já optam por fazer outro tipo de transporte, saindo pela Bahia, aí vai ficando tudo mais caro – avalia o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja-TO), Mauricio Buffon.
A VLI, empresa responsável pelo terminal, investiu R$ 125 milhões para concluir a obra em Porto Nacional, no sudeste do Tocantins. A estação vai facilitar o escoamento da safra, isso porque o trem vai carregar a soja sem fazer manobras, o que reduz pela metade o tempo para preencher o trem com oito mil toneladas de grãos.
– Os carregamentos eram feitos em torno de 10 horas. Hoje, a gente conseguiu baixar este carregamento para quatro horas e meia, oitenta vagões. Carrega e vai embora – explica o analista da empresa Orestes Souza.
Os problemas de logística na região de Porto Nacional foram debatidos em um dia de campo organizado pela Aprosoja-TO e o Projeto Soja Brasil. O produtor rural Armin Scherer está apreensivo com a proibição da ponte em Palmas. Ele pretende escoar mais da metade da produção, cerca de 120 mil sacas, pela ferrovia.
– A gente não vai poder usufruir deste investimento. É a mesma coisa que passar pela beira do rio e não poder tomar água. Na nossa região, não temos alternativa de alcançar o terminal. Precisamos de investimentos, mas hoje o prazo é curto, não temos alternativa – critica Scherer.
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