O agricultor Manoel da Rosa teve um longo caminho em noventa anos de vida. Ele é do tempo em que o homem do campo era esquecido pelas autoridades.
? A gente não tinha direito a nada na roça. Não tinha direito a nada, nada. O governo nunca deu um auxílio. E eu acho que saco vazio não para em pé. Agora, se encher ele para ? diz o produtor.
A experiência trouxe a certeza: é só através do voto que se pode mudar alguma coisa. Manoel da Rosa mora em um dos pontos mais distantes de Porto Alegre (RS), e sabe bem o que precisa melhorar.
? Acho que duas coisas estão faltando muito, por culpa do governo. Em primeiro lugar está a saúde e em segundo esse banditismo ? diz Manoel.
É por isso que mesmo livre da obrigatoriedade do voto, que acaba aos setenta anos, ele pretende comparecer na seção eleitoral no próximo domingo.
? Vou se Deus quiser ? afirma o agricultor.
Os índios kaingangues, que vivem em uma aldeia urbana, também esperam com ansiedade a chegada da eleição. A tribo conquistou o direito a terra na última década. São 37 famílias, quase 300 pessoas. A maioria vive do artesanato. Porém, o índio e professor Zaqueu Claudino é especial para o grupo. Ele dá aula até em universidade e, pela terceira vez, vai trabalhar no pleito, como presidente de mesa de uma seção fora da escola indígena.
? Sofri preconceito dos brancos que iam votar e perguntavam como um índio estava presidindo a seção ? conta Claudino.
O professor aprendeu que a eleição é o melhor exemplo de democracia. Nas urnas, não existe índio, branco, rico ou pobre. Todos têm o mesmo direito e o mesmo poder de mudar o país.
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