Caravana Soja Brasil aborda desafios da safra em Mato Grosso

Controle de custos, mercado e clima foram tratados na passagem do Canal Rural e Senar-MT para levar capacitação aos agricultores do estado

Manaíra Lacerda | Sapezal (MT)

A Caravana Soja Brasil terminou sua primeira passagem por Mato Grosso. Nesta etapa, foram 10 municípios percorridos em duas semanas, com muitas propriedades visitadas e as palestras oferecidas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do estado (Senar-MT), que durante o dia e à noite, atenderam mais de mil pessoas.

– O nosso objetivo está sendo atingido, que é levar informação e capacitação para os agricultores. Esta é a função do Senar-MT na Caravana Soja Brasil. A gente vê o mercado de trabalho aquecido e o próprio produtor rural precisa de muita informação para tocar a lavoura dele – comemora o supervisor regional do Senar-MT Rafael Fabri.

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O Manejo Integrado de Pragas (MIP) foi o tema central das palestras. O sistema consiste em um conjunto de estratégias que o produtor rural pode adotar para controlar os insetos na lavoura a partir do monitoramento constante. A ideia é reduzir custos e prolongar a eficácia dos defensivos contra as pragas.

– Esta é a primeira vez que eu venho. Gostei das palestras que a gente teve ontem à noite, falando sobre MIP, relembrando bastante coisa que a gente já esqueceu – exalta o produtor rural Lucas Palerdo.

A Caravana Soja Brasil volta ao estado em janeiro. De 11 a 23 do primeiro mês de 2016, o auditório móvel do Canal Rural vai percorrer mais 10 municípios, em parceria com o Senar-MT.

Tecnologia

Os especialistas do Canal Rural e seus parceiros, como a BASF, orientam os agricultores sobre sementes, biotecnologia e doenças da cultura.

– Se pegarmos as médias dos últimos anos, nossa produtividade cresceu muito. Graças à capacitação e preparação dos produtores – afirma o gerente de Marketing de Soja da BASF, Elias Guidini.

Nossa equipe também passou por diversas lavouras nos municípios onde acontecia a Caravana Soja Brasil.

– Nós estamos na quarta edição do Soja Brasil. Nós podemos perceber que houve uma evolução tecnológica na agricultura. Este ano, a evolução se deu, na verdade, quase que uma regressão, em função da falta de umidade no melhor momento de semeadura. Isso trouxe uma série de transtornos – comenta o consultor do Soja Brasil, Áureo Lantmann.

Clima

A queda de produtividade por causa de um forte veranico neste início de plantio e atingiu a fazenda do sojicultor e presidente do Sindicato Rural de Diamantino, José Cazzeta.

– Nós plantamos com a umidade não muito boa, mas já estava tarde. Em uma área, nós planejamos o milho e acabou não acontecendo. Plantamos, germinou mal, falta de umidade no solo e ficamos 15 dias sem chuva na fase de germinação – lembra.

Pragas

Nós vimos também a preocupação com o ataque de pragas, desde as mais comuns até os mais raros. A fazenda do agricultor Jonas Iapp, em Campo Novo do Parecis, foi atacada por gafanhotos.

– O maior problema é a reincidência dele. O controle está sendo efetivo a partir do momento que eu aplico. Porém, eu não tenho um produto sistêmico próprio para fazer o controle dele em longo prazo e a infestação acaba voltando – relata Iapp.

Mercado

A comercialização também foi assunto entre os produtores de Mato Grosso. Em Nova Mutum, por exemplo, cerca de 60% da safra já foi vendida, mas a maior parte das negociações foi em reais. Quem precisa vender a soja em dólar, para quitar empréstimos na moeda norte-americana, ainda aguarda preços melhores.

– O produtor está apostando no preço subir um pouco mais. Não existe outro caminho agora a não ser esperar. O jeito é esperar o mercado futuro melhor para ele poder fechar seus compromissos – explica o presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Luiz Carlos Gonçalves.

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