Sebrae busca reduzir desperdício de 75% na produção de caju

Nordeste perde todos os anos 1,9 milhão de toneladas do pedúnculo, a parte da fruta usada na fabricação de sucoA imagem virou ícone do Rio Grande do Norte. O sabor tem a cara do Nordeste brasileiro. Quando usado um melhoramento genético, o fruto é extremamente doce, sem o ranço característico, e o suco é muito apreciado. O caju reúne todos esses atributos e ainda possui um enorme potencial econômico. Somente no Rio Grande Norte, são cerca de 150 mil pessoas envolvidas na cadeia produtiva, o equivalente a uma pessoa por hectare produzido.

O desafio é reverter um quadro negativo que impera nesse setor. Enquanto a castanha é valorizada comercialmente, a Região Nordeste desperdiça todos os anos quase 1,9 milhão de toneladas do pedúnculo, a parte da fruta que é usada para a fabricação de sucos. Isso representa 75% das 2,5 milhões de toneladas produzidas nos nove Estados.

Os dados são da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e indicam que, das 320 mil toneladas de caju produzidas por ano no Rio Grande do Norte, apenas 10% da produção é aproveitada. Parte é vendida como fruta ou através de processamento, como suco in natura e polpa. O restante estraga diretamente nos locais de plantio, durante os quatro meses de safra. O cenário é semelhante nos nove estados nordestinos, sobretudo naqueles onde a produção é feita em larga escala, como o Rio Grande do Norte e o Ceará. Toda a região Nordeste só produz 120 toneladas de suco por ano. Uma das saídas apontadas para reduzir esse desperdício é usar o caju para alimentar os rebanhos bovino e caprino.

Ração animal

O projeto de Cajucultura do Sebrae no Rio Grande do Norte estimula o aproveitamento da polpa como ração animal no Estado, através de um programa desenvolvido em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Fundação Banco do Brasil. De acordo com o gestor do projeto, Lecy Gadelha, a fruta está sendo utilizada como ração nos municípios de Apodi e Pureza. Pesquisadores fazem estudos nas minifábricas de castanha instaladas nessas cidades sobre a viabilidade de destinar o caju para alimentar ruminantes. “É uma alternativa viável, já que os custos para beneficiamento da polpa ainda são maiores do que os da amêndoa”, pondera Gadelha.

Para se ter uma ideia, é preciso um investimento de R$ 1 milhão para se implantar uma unidade extratora de suco in natura, o que seria inviável para um pequeno produtor. O técnico pesquisador da Embrapa José Simplício também defende a utilização de caju nos pastos como forma de ração.

? Nossa expectativa é que, daqui a uns 15 anos, consigamos reduzir esse índice de desperdício para 50%, que ainda seria muito alto, em se tratando de uma fruta tropical ? calcula o técnico.