Especialistas garantem que o país está bem avançado neste quesito, mas temem que a redução nos aportes possa retardar os avanços no futuro sementes
Sebastião Garcia, de Foz do Iguaçu (PR)
A pesquisa desenvolvida no Brasil sobre a qualidade de sementes se equipara as melhores do mundo, garantem especialistas. Mas, falta investimento para que novas tecnologias sejam criadas e lançadas no mercado. Os desafios deste setor estão sendo discutidos, esta semana, por especialistas do mundo inteiro no 20º Congresso Brasileiro de Sementes, que acontece em Foz do Iguaçu (PR).
Um bom exemplo disso é a máquina produzida pela empresa em que desenvolvedor de tecnologias, Mateus Butzke, trabalha. Ela consegue contar e selecionar as sementes pela cor e pelo tamanho e também faz a leitura de uma série de outras informações que interferem na qualidade final do produto. “Com isso, o produtor ou empresa consegue criar um banco de dados gigantesco para ter todo um histórico da produção, do lote e por ai vai”, explica Butzke.
Outro equipamento, também apresentado no congresso, mostrava imagens de uma semente antes e depois de germinada. Tudo com muita riqueza de detalhes. “Ele elimina a subjetividade de muitos defeitos, um dos grandes problemas, hoje em dia, dentro das empresas. Isso com muita rapidez nas análises. Em menos de um minuto é possível monitorar o lote de forma muito intensa”, conta o diretor comercial Emilio Garnham.
Segundo o presidente Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (Abrates), Francisco Krzyzanoswski, quando se fala em tecnologia para análise de sementes, o Brasil está bem servido. Mas, insiste que ainda existem avanços importantes neste segmento lá fora, que só agora estão chegando por aqui. “Tem uma área muito nova que está entrando no mercado e a industria poderá investir. A parte de análise de imagens. Isso mostra a qualidade física da semente, por exemplo, e como ela interfere na qualidade fisiológica da planta”, diz Krzyzanoswski.
O pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Francisco Guilhien, ressaltou a importância destas novas técnicas e porque o Brasil precisa mais investimentos em pesquisa. “A questão de um equipamento de ressonância magnética, por exemplo, que hoje custa em torno de R$ 2,5 milhões em estrutura instalada para funcionar. Isso é muito caro e nem colocamos o custo operacional ainda. Isso realmente acaba tornando as pesquisas um pouco inacessíveis, sem chance de serem continuadas dentro de uma instituição”, comenta.
Os especialistas dizem também que aqui no Brasil existe ainda uma distancia entre o que a pesquisa desenvolve e a indústria utiliza. Primeiro porque o investimento em analise de sementes é caro, tanto para os produtores quanto para as sementeiras. Depois porque falta gente preparada apra operar isso tudo. Mas, não tem outra saída, para manter a competitividade, o setor vai ter que encarar os desafios e adotar as tecnologias que existem no mercado. “O mercado determina a adoção da tecnologia. Quanto maior for a exigência do consumidor, neste caso o agricultor, por uma semente de alta qualidade, mais chances de o investimento se justificar”, explica Krzyzanoswki.