Presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar defende marco regulatório para impulsionar oferta

Executivo pede que próximo presidente do país acabe com a insegurança jurídica que afasta investimentos do setorO presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, admitiu na última sexta, dia 8, que a falta de investimentos nos canaviais e na expansão do parque sucroalcooleiro do Brasil desde a crise mundial de liquidez, entre 2008 e 2009, reduzirá a oferta de açúcar e etanol em 2011, em um cenário de alta na demanda. Para o executivo, a retomada nos investimentos e o aumento da produção dependem de um marco regulatório para o setor, principalmente para o etanol. Jank revelou que e

Na opinião de Jank, com a crise de liquidez “houve um freio de arrumação” no setor, com as fusões e incorporações de companhias e “pelo menos 100 milhões de toneladas de cana passaram por rearranjos societários”. Sem capital, além da falta de investimentos nos canaviais, projetos de novas unidades foram suspensos.

? Teremos de três a cinco novas usinas para o próximo ano, o que é muito pouco ? afirmou Jank, que esteve em Ribeirão Preto (SP) para o evento de lançamento de variedades de cana-de-açúcar da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa).

Com a estagnação do setor, a oferta de cana para 2011/2012 não deve ser muito maior que as atuais 570 milhões de toneladas no Centro-Sul do país, mas a demanda, principalmente pelo etanol no mercado interno e o açúcar no Exterior, crescerá. O próprio presidente da Unica admite a dificuldade de um aumento da oferta dos produtos.

? Um aumento na cana não se consegue jamais resolver de um ano para o outro e o que vai ocorrer são os ajustes de sempre; talvez o maior ajuste seja nos veículos flex, através dos preços relativos entre etanol e da gasolina ? afirmou.

Jank garantiu, entretanto, que a entressafra da atual safra para a próxima, entre dezembro de 2010 e 2011, será tranquila em relação à oferta de etanol. O presidente relatou ainda que, diante das perspectivas boas de aumento na demanda para os derivados da cana e da possibilidade de abertura do mercado internacional para o etanol brasileiro, é necessário um marco regulatório para o setor ? pedido feito pela Unica para que o próximo presidente instaure logo após a posse do cargo.

? Precisaria uma sinalização mais clara, principalmente por parte do governo que vem aí, das políticas que gerarão novo ciclo de crescimento. Existe uma insegurança grande na questão do ICMS para o etanol, cujas alíquotas são diferentes em cada Estado, da Cide, que pode cair a qualquer momento e baixar o preço da gasolina em 20%, e da regulação da comercialização ? argumentou Jank.

Ainda de acordo com ele, a Unica pediu a Dilma e a Serra ? além de Marina Silva (PV), quando esta ainda disputava a eleição ? que acabem com a insegurança jurídica em questões trabalhistas e ambientais que afastam investimentos do setor.

? A reserva legal prevista no Código Florestal, por exemplo, pode significar a perda de alguns milhões de hectares de cana ou perda de eficiência das usinas, que precisam ter a matéria-prima próxima das unidades produtoras. Mas os candidatos que estiveram conosco reafirmaram o compromisso do crescimento do setor e a crença do etanol como solução para o Brasil e o mundo; resta ver como isso vai se concretizar na forma de política pública ? concluiu o presidente da Única.