Umidade em excesso dobra casos de ferrugem em 15/16

Inverno ameno no Sul e Sudeste contribuiu para que a doença se espalhasse antes da safra, através de plantas guaxas

Após um início de safra de soja 2015/2016 bastante chuvoso no Sul do país, os casos de ferrugem asiática, uma doença fúngica que ataca as plantas em condições úmidas. Até o momento, já são dobraram em relação ao ano passado, mostram dados do Consórcio Antiferrugem.

• Veja dicas para controle da ferrugem

Os relatos de ferrugem desde o início de junho até o momento totalizam 66 casos no Brasil, sendo 29 no Rio Grande do Sul e 17 no Paraná. No mesmo período de 2014, os registros do fungo eram 36. A ferrugem já causou grandes prejuízos ao setor produtivo, por isso o monitoramento constante é fundamental.

– O El Nino tem maior média de chuvas na região Sul e isso favorece a ferrugem – destaca a fitopatologista da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, referindo-se ao fenômeno climático que ocorre com forte intensidade nesta temporada e tende elevar o volume de chuvas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e até sul de Mato Grosso do Sul e São Paulo.

O El Niño deverá fortalecer-se antes do fim do ano e tornar-se o mais forte já registrado, disse na segunda-feira a Organização Meteorológica Mundial, ligada à ONU. Segundo a Somar Meteorologia, a safra de grãos 2009/2010 foi última safra sob influência de El Niño no Brasil. No início daquela temporada, entre junho e meados de novembro, o Consórcio Antiferrugem havia registrado 30 casos.

• El Niño favorece ferrugem na safra de soja no Sul

– Há tendência altíssima de ferrugem para toda esta temporada – afirma o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar, apontando bons volumes de chuva mesmo no período de colheita.

Segundo a pesquisadora da Embrapa, o inverno com temperaturas mais amenas no Sul acabou não matando plantas de soja contaminadas remanescentes da safra 2014/2015, o que ajudou a elevar as estatísticas. Foram registrados casos de ferrugem em julho e agosto, período que deveria ser de ausência total de soja nos campos, justamente por questões sanitárias.

Alerta

A ferrugem neste estágio inicial da safra não traz grandes riscos à produtividade, uma vez que muitas lavouras ainda nem foram plantadas, e as que foram semeadas estão em fase de desenvolvimento, com fácil controle de infestações.

– Para as áreas detectadas agora não há problema nenhum… mas isso serve para alertar o produtor – diz Cláudia.

Ela destacou que os esporos do fungo causador da ferrugem deverão estar bastantes presentes nas áreas produtoras ao longo de toda a temporada.

Como este ano há um atraso no plantio, pode haver casos em que áreas serão colhidas ao lado de lavouras ainda em fases suscetíveis a prejuízos, facilitando a proliferação de casos, operação que ajuda a espalhar o inóculo da ferrugem.

Nos últimos anos, a ferrugem tem causado poucos impactos à produtividade das lavouras no Brasil porque os produtores aprenderam a usar adequadamente os fungicidas. Contudo, a tendência em 2015/16 é de custos mais elevados para o controle, devido à necessidade de mais aplicações, em um ano em que os preços dos defensivos subiram puxados pela alta do dólar.

– O produtor pode querer desviar para um produto mais barato, com menor poder de controle. Mas isso não pode acontecer, ele tem que usar o que há de melhor – destaca o coordenador técnico da cooperativa Coopavel, da região oeste do Paraná, Mário Lúcio Melo.

Com informações da Reuters.

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