Desde o final de 2014 o estado adotou um novo calendário agrícola, proibindo o cultivo de soja por nove meses e o cultivo de soja sobre soja
Manaíra Lacerda | Mineiros (GO)
Os focos de ferrugem asiática no sul de Goiás tiveram queda de 20% na safra passada. Os produtores reconhecem que a decisão do governo estadual de proibir o cultivo de 1º de janeiro até 30 de setembro e a semeadura de soja sobre soja foram fundamentais para esta queda. Os agricultores da região costumavam a fazer 10 aplicações de fungicidas na safrinha, enquanto a média da região não passa de três.
• Confira o período de vazio sanitário na sua região
O presidente do Sindicato Rural do município, Fernando Mendonça, explica que o hábito de fazer a ponte verde reduziu a qualidade e a produtividade das sementes. Ele mesmo, quando fazia a safrinha de soja, chegou a colher apenas 11 sacas por hectare.
– Até 31 de dezembro é um período extremamente longo, interessante para você plantar soja na nossa região. Nós temos áreas com altitudes bem interessantes, áreas que são propícias ao cultivo das sementes. O produtor só precisa adaptar o plantio. Você determina talhões em que você pode fazer o cultivo das sementes, sem precisar de outra safra – lembra Mendonça.
O diretor da Associação dos Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO) Rogério Vian também apoia a medida, que tem como objetivo o combate à ferrugem asiática. Além disso, o dirigente defende a antecipação do fim do vazio sanitário em algumas regiões que fazem divisa com outros estados. A entidade tenta negociar com o governo goiano uma flexibilização da janela para a próxima safra.
– Mato Grosso planta no dia 15 de setembro, que é aqui na divisa. Minha propriedade mesmo está a 20 km do Mato Grosso do Sul. Eles plantam dia 15 e nós dia 1º de outubro. Esses 15 dias a mais prejudica a gente, porque eles fazem menos aplicações de fungicidas, aí ela vai migrar para as lavouras mais próximas. Não faz sentido um vazio sanitário porque nós estamos bem na divisa, isso tem que ser regional – comenta Vian.
O agricultor Eduardo Sandri foi um dos que precisou mudar de hábito de cultivar sementes de soja logo após a safra do grão. O produtor lamenta não ter mais tempo para produzir suas sementes, mas reconhece a importância da regra.
– Eu tenho convicção, porque eu já fiz a soja safrinha, que a soja safrinha tem qualidade superior a essa soja colhida no período convencional. Mas é um ônus que a gente tem para proteger mais os fungicidas existentes no mercado, já que a eficiência caiu. Não adianta ter sementes e depois não conseguir cuidas da lavoura que plantou – explica o agricultor.
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