Expectativa da Agroconsult para os preços no mercado futuro em 2015/2016 remuneraria bem o produtor brasileiro e deixaria margem
A consultoria Agroconsult estimou nesta quarta-feira, dia 21, o preço médio de US$ 9 por bushel para os futuros de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) em 2015/2016. A expectativa é de que as exportações do Brasil totalizem 54 milhões de toneladas nessa safra, enquanto as vendas externas dos Estados Unidos devem somar 50 milhões de toneladas.
Segundo o sócio-analista da Agroconsult Marcos Rubin, os preços pagos ao produtor brasileiro subiram este ano por causa do dólar forte ante o real, enquanto nos EUA as cotações recuaram.
– Aqui no Brasil estamos muito competitivos em termos de exportação: US$ 9/bushel remunera o produtor brasileiro e deixa alguma margem dentro de casa –, afirmou Rubin.
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O analista assinalou que os preços têm um limite de baixa em Chicago, que é determinado muito mais pelos produtores norte-americanos do que pelos brasileiros, no caso de resistência a novas vendas.
Rubin afirmou que o preço atual já embute em parte a expectativa de uma safra brasileira próxima de 100 milhões de toneladas, mas disse que é preciso acompanhar o desenvolvimento da safra no país para avaliar se não haverá surpresa sobre os preços.
Plantio
A projeção da Agroconsult para a área plantada com soja é de 33,1 milhões hectares na safra 2015/2016, aumento de 3,3% em comparação aos 32,1 milhões de hectares semeados no ciclo anterior.
Segundo Marcos Rubin, o aumento de área não deve ser tão grande quanto em anos anteriores porque a renda e a capacidade de investimento do produtor brasileiro estão sendo prejudicadas pelo ambiente econômico.
– Por se tratar de um ano de transição, com mudança cambial e forte aumento de custo, isso provocou impacto na necessidade de caixa para a próxima safra e levou produtores a reduzir o ritmo de investimentos –, disse.
Ele destacou, ainda, que muitos produtores têm dívidas em dólar, o que também contribui para frear fortes incrementos de área neste ciclo.
Rubin apontou que o clima seco em algumas áreas do país fez com que o começo do plantio fosse mais lento, mas assinalou que a semeadura deve ganhar um ritmo muito bom nas próximas semanas.
– Por enquanto, não vemos preocupação tanto sob o ponto de vista de impacto sobre a produtividade quanto sobre plantio de milho safrinha.
Produtividade
A Agroconsult informou que, em virtude da forte intensidade do El Niño, a consultoria optou por, no caso de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, prever produtividades iguais às do ano passado, que já foi um ano de alto volume de chuvas, em vez de trabalhar com produtividades dentro da linha de tendência histórica.
– Na nossa avaliação, RS e SC têm uma correlação muito forte entre produtividade e anos de El Niño –, disse Rubin. A consultoria não detalhou os números de rendimento dos dois estados, mas estimou a produtividade média no Brasil em 50,6 sacas por hectare.
Com relação à perspectiva de redução do uso de fertilizantes na safra 2015/2016, Rubin disse que a consultoria não acredita em impacto na produtividade.
– Existe uma “poupança” no solo –, disse o analista, acrescentando que nos últimos anos produtores brasileiros investiram em fertilizantes e que, se houver prejuízos, eles não devem ocorrer por causa disso.
Com informações de Estadão Conteúdo.