A alimentação escolar foi discutida em um seminário promovido pela Emater, em Porto Alegre. Técnicos mostraram como a compra de produtos da agricultura familiar começou a mudar a realidade nas propriedades.
? O que a gente já percebe claramente é que os agricultores já vêem este mercado institucional como uma possibilidade real e concreta e começam a preparar uma diversificação maior da produção e também uma agroindustrialização destes produtos. Representa trabalho e renda nas suas propriedades e também como resultado a qualidade de vida destas famílias envolvidas no processo de implementação do mercado institucional ? diz o coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Social da Emater-RS, Magda Tonial.
Lúcia e Daniel Audibert só trabalham com produtos orgânicos. O casal tem cinco estufas com frutas, legumes e verduras em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. Há seis meses, eles vendem parte da produção para creches e escolas do município.
? É para nossos filhos que estão na escola terem uma alimentação saudável. A questão da agroecologia. A gente está produzindo produtos orgânicos. Então, isso faz com que a gente fique mais satisfeito que não é só a gente, a gente também está se preocupando com a questão dos filhos de toda a comunidade que a gente abrange, nas escolas do município ? explica Lúcia.
A compra de produtos da agricultura familiar foi estimulada por uma lei federal que entrou em vigor no ano passado. Pelo menos 30% dos alimentos destinados à merenda escolar devem ser de pequenos produtores rurais.
? Esse é o início e o início já mostrou que deu certo. Então, a gente vai ampliar. A nutricionista vai pedir outros produtos, a gente vai se qualificar na produção também, outros tipos de frutas, sucos, verduras e conforme a nutricionista faz o pedido a gente passa a produzir também ? completa Daniel.
A produção de 22 agricultores de Eldorado do Sul chega até às escolas e creches através de um plano de logística da prefeitura que recolhe os alimentos nas propriedades.
? Nós temos aqui assentamentos que ficam a 40 quilômetros da cidade, e as escolas são em todos os distritos e bairros da cidade. Então, era inviável financeiramente para o produtor colher os seus produtos e entregar nas escolas. Isso não funcionaria, os próprios produtores não teriam interesse de participar do projeto. Então, dessa forma, a Secretaria da Agricultura assumindo esta responsabilidade, a gente conseguiu colocar em prática. Está funcionando muito bem e temos um retorno muito bom das escolas, dos pais dos alunos que estão felizes com este acréscimo de produtos de qualidade na merenda escolar ? diz o secretário da Agricultura de Eldorado do Sul, Sérgio Munhoz.