Setor produtivo se reuniu em Porto Nacional (TO) para celebrar o início de uma nova temporada e para reivindicar a manutenção da Lei Kandir
Começou oficialmente o plantio de soja no país. Na manhã desta terça, dia 6, a cadeia produtiva se reuniu em Porto Nacional, no Tocantins, para celebrar o início de mais uma safra da oleaginosa. Em uma manhã chuvosa, uma programação com palestras técnicas, comemoração e reivindicações do setor.
O Canal Rural e a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) receberam autoridades, produtores e estudantes para um debate técnico, palestras e a solenidade que marca o início da nova safra.
O diretor-geral do Canal Rural, Donário Lopes de Almeida, lembrou que é a primeira vez que o Projeto Soja Brasil passa pelo estado. Segundo ele, o objetivo é destacar o potencial agrícola do Tocantins e da fronteira agrícola do Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia].
– Esta é a primeira vez que o Canal Rural desenvolve o projeto no Tocantins, e é muito bacana mostrar essa fronteira agrícola. Nosso objetivo é percorrer o Brasil junto com os produtores, para mostrar os desafios, sendo a soja é fundamental para a economia – afirma.
O presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale, destacou a parceria com os produtores e lembra que o Soja Brasil vai levar capacitação para todos os lugares do país.
– As angustias que o campo tem nós temos o dever solucionar. O principal é a demonstração de mobilizar e conseguir tanta gente aqui. Queremos levar, cada vez mais, a informação, a discussão, o debate para os produtores. Nós vamos a todos os rincões, para levarmos a informação daquilo que é importante. Nós acreditamos que será uma grande safra – exalta Dalpasquale.
O secretário de Agricultura do estado, Clemente de Barros Neto, parabenizou os organizadores e disse que é gratificante ter o potencial agrícola do Tocantins reconhecido. Ele também aproveitou para afirmar que a melhora da assistência técnica rural está em pauta.
– É gratificante este evento, nós temos um crescimento constante, maior até que o nacional. É muito bom observar a evolução da pecuária para a soja. Com relação à assistência técnica, estamos recuperando esse setor, que estava defasado e é extremamente necessário, já que 60% das propriedades têm menos de 50 hectares – explica.
Reivindicações
A solenidade lançamento da nova safra também foi uma oportunidade do setor produtivo se manifestar. O presidente da Aprosoja-TO, Ruben Ritter, criticou duramente o objetivo de alguns estados brasileiros em querer cobrar ICMS sobre a soja exportada, já que a Lei Kandir garante isenção para essa operação. Ritter tratou como “inconstitucional” esta intenção.
O presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale, citou como exemplo o estado de Mato Grosso do Sul, onde há uma taxação de 12% sobre cada tonelada de soja embarcada. O dirigente também falou da preocupação do setor com as possíveis alterações na Lei de Cultivares.
Manejo e política fitossanitária
Os produtores do Tocantins e região acompanharam palestras técnicas na Abertura Nacional do Plantio. Temas como política fitossanitária, pragas do início do plantio, biotecnologia e Manejo Integrado de Pragas (MIP) estiveram em discussão.
A principal novidade para os sojicultores é que novos defensivos devem ser registrados pelo Ministério da Agricultura. Pelo menos 36 produtos terão prioridade para aprovação. O diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Fabrício Rosa, explicou como foi a atuação do setor produtivo para garantir essa agilidade.
– As pragas consomem mais de 42% do potencial de produtividade do produtor brasileiro. Nós podemos produzir mais de 50 sacas por hectare, mas precisamos melhorar nosso manejo, rotacionar princípios ativos, só que não tem. Agora o Mapa entendeu essa situação e permitiu agilizar o processo – afirma o dirigente.
O pesquisador da Embrapa Rafael Pitta falou sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e seus paradigmas. Ele lembrou que muitos agricultores têm receio em adotar a técnica por achar que servem apenas para pequenas áreas ou por não confiar nos níveis de controle.
Biotecnologia
O consultor agrícola da BASF Milton Ide explicou quais são os primeiros riscos da safra de soja. Ele apontou que a melhor maneira de começar bem a safra é o uso de sementes de boa qualidade, que é 50% do sucesso na lavoura. Ide destacou que o elamos, o piolho de cobra, spodoptera são algumas pragas que o agricultor deve monitorar.
Na sequência, a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, apresentou uma palestra interativa sobre a biotecnologia nas lavouras brasileiras. Temas como culturas transgênicas, insetos resistentes e adoção de áreas de refúgio foram abordas.
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