Pesquisadora da Embrapa explica que o inverno pouco rigoroso de 2015 favoreceu a sobrevivência de plantas de soja guaxas
Os produtores de seis estados já estão a campo para começar a semeadura da safra 2015/2016, mas este ano a pressão da ferrugem asiática está maior. Na avaliação da pesquisadora da Embrapa Soja Cláudia Godoy, a ferrugem causada pelo fungo P. pachyrhizi, deve aparecer nas lavouras antes de dezembro, mês que geralmente caracteriza o aparecimento da doença, quando não ocorre El Niño.
– A safra 2015/16 vem se configurando como favorável para epidemias de ferrugem asiática da soja, principalmente na região Sul – avalia a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja.
• Entenda a ferrugem asiática e a preservação dos fungicidas
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia a safra 2015/16 será influenciada pelo fenômeno El Niño, que pode provocar chuvas irregulares no Sudeste e no Centro-Oeste, atraso nas chuvas na região Nordeste e chuvas acima da média para a região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
A pesquisadora explica que o inverno pouco rigoroso de 2015, também sob influência do El Niño, favoreceu a sobrevivência de plantas de soja voluntárias (guaxas ou tigueras) no Rio Grande de Sul e em Santa Catarina, que não adotam o vazio sanitário. Além disso, Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Tocantins já relataram ao Consórcio Antiferrugem soja voluntária com o inóculo do fungo causador da ferrugem para a safra.
A doença
Relatada pela primeira vez no Brasil em 2001, a ferrugem-asiática é a doença mais severa da cultura da soja, podendo reduzir a produtividade se não for adequadamente manejada. Os danos decorrem da desfolha precoce, que compromete a formação, o desenvolvimento de vagens o peso final do grão. A doença é favorecida por chuvas bem distribuídas ao longo da safra.
Após a entrada da ferrugem no Brasil, as aplicações de fungicida passaram a fazer parte do custo de produção da cultura. Na safra 2014/15, foram realizadas, em média, três aplicações de fungicidas para o controle da ferrugem nas lavouras, informa a pesquisadora da Embrapa, o que resultou em um custo superior a US$ 2 bilhões de dólares.
Resistência a fungicidas
Para o manejo adequado da ferrugem, Claudia Godoy orienta que as boas práticas devem incluir as estratégias disponíveis como: a adoção do vazio sanitário, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada, a redução da janela de semeadura, o monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura, a utilização de fungicidas no aparecimento dos sintomas ou preventivamente (baseado na situação de inóculo na região, aplicando logo antes do fechamento das entrelinhas da soja) e a utilização de cultivares resistentes.
As estratégias gerais antirresistência para fungos incluem rotacionar e utilizar misturas comerciais de fungicidas com diferentes modos de ação, por exemplo.
– Também é preciso utilizar dose e intervalo de aplicação recomendados pelo fabricante e quanto aos produtos com carboxamidas, não devem ser utilizados em mais que duas aplicações por cultivo – diz Cláudia.
Com informações da Embrapa Soja.