Governo prometeu taxa de juros em 8,5%, mas entidades afirmam que isso não ocorre na prática; Além do financiamento mais caro, há burocracia na liberação do recurso
Manaíra Lacerda | Campo Grande (MS)
O início do plantio está chegando, mas o crédito para o produtor ainda não. A reclamação dos agricultores é a dificuldade em acessar os financiamentos a juros controlados, que tem taxa de 8,5% ao ano, para financiamentos até R$ 1,2 milhão. Em algumas regiões, essa taxa chega a dobrar, tornando o custeio da safra mais caro. Este foi um dos assuntos discutidos na Bienal dos Negócios da Agricultura, em Campo Grande (MS).
• A menos de um mês para o plantio, falta de crédito ainda preocupa
Em Mato Grosso, o produtor está pagando até 17% ao ano para conseguir o custeio. Os juros ficam mais altos porque as instituições financeiras estão fazendo um mix entre tarifas controladas e livres.
– O problema deste ano: juros mais altos, os insumos mais caros e o crédito mais difícil. Portanto essa combinação com certeza não vai resultar em uma safra recorde como a do ano passado – comenta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.
Até o momento, os juros controlados do Plano Safra 2015/2016 ficaram na teoria, de acordo com entidades que representam os produtores. Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Almir Dalpasquale, apesar do anúncio do governo, os bancos têm menos dinheiro disponível para empréstimos.
– O volume anunciado é muito maior que o do ano passado, mas o volume que chegou à mão do produtor não é nem metade do aplicado no ano passado – questiona Dalpasquale.
Burocracia
Além de oferecer financiamentos mais caros, os bancos estão mais burocráticos e exigentes no momento de checar as garantias que o agricultor tem a oferecer.
– Estão exigindo garantias cada vez maiores, nos outros anos se pedia o penhor de safra e hoje já pedem a própria garantia real, hipoteca de terras, o que tem dificultado muito o acesso ao crédito dos produtores rurais – critica o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mario Schreiner.
Só pagando mais
Em Mato Grosso do Sul, segundo a federação que representa o estado, o dinheiro para custeio tem saído com facilidade. Em julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, os financiamentos liberados aqui subiram cerca de 200%, mas a que custo?
– O que nos tem chegado é de taxas até 18% ao produtor rural nos juros de custeio livre. Isso dificulta, Elevando o custo de produção para o produtor rural automaticamente quando você tem o aumento na taxa de juros na liberação de custeio – afirma Maurício Saito, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Famasul).
Critérios
De acordo com o Banco do Brasil, o Mato Grosso do Sul é destaque em empréstimos no primeiro mês de liberação do Plano Safra em todo o país. Quanto à taxa de juros, o superintendente do BB explica os critérios.
– Depende do perfil do produtor. Em função do faturamento e em função do porte do produtor a maioria absoluta dos produtores vão conseguir os créditos com os recursos controlados, com a taxa de juros de 8,5%, dependendo do tamanho da propriedade, da demanda do cliente pode ser que ele tenha necessidade de fazer um mix – explica Evaldo Souza, superintendente do Banco do Brasil no estado.
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