Laticínios Renner anuncia primeira unidade para produção de pó de soro de leite

Subproduto, antes descartado no ambiente ou usado na alimentação animal, ganhará outra dimensãoO cavalinho branco da marca da Renner, marca tradicional de tintas no Brasil, agora leva a cor do leite para somar-se ao polo de produção leiteira que cresce a cada ano no norte do Rio Grande do Sul. A primeira unidade da Laticínios Renner (Relat) que vai produzir pó de soro de leite em Estação, no norte do Estado, será inaugurada nesta terça, dia 19.

O investimento de R$ 30 milhões está assentado em um terreno de 150 mil metros quadrados, com 6 mil de área construída. A torre de secagem de 30 metros de altura e equipamentos de última geração importados da Itália estão em teste para iniciar o beneficiamento de 1,2 milhão de litros de soro de leite por dia. São pasteurizadores, centrífugas e resfriadores em aço inoxidável por onde passará a matéria-prima até ser transformada em pó.

O soro, que antes era descartado no ambiente ou usado na alimentação animal, ganhará outra dimensão. O subproduto do leite vai agregar valor ao ser utilizado como insumo na fabricação de alimentos, como pães, biscoitos e massas, e na composição de sorvetes, chocolates, bebidas isotônicas, lácteas e leites modificados.

A região foi escolhida pelo grupo Renner Herrmann para instalação da unidade por ser um centro estratégico para coleta de soro.

? Num raio de 200 quilômetros de Estação é possível recolher um volume de 2 milhões de litros de soro, das queijarias instaladas no norte do Rio Grande do Sul e oeste catarinense ? diz Edson Luiz Gottlieb, gerente industrial da unidade.

A Relat vai gerar cem empregos diretos e outros cem indiretos quando estiver em pleno funcionamento e vai movimentar a economia do município de 6 mil habitantes. Para a prefeitura, a estimativa de aumento de arrecadação, a partir do retorno do ICMS, é de R$ 2 milhões.

Nova fonte de lucro

Na unidade da queijaria Santa Clara, que processa 150 mil litros de queijo mussarela e prato diariamente, o soro excedente da produção era um problema. A indústria tinha custo para tirar o produto da unidade em tanques e transportar, sem qualquer retorno, para suinocultores da região que utilizam o soro na alimentação animal.

Com contrato fechado com a Relat, o coordenador de política leiteira da Santa Clara, Alessandro Bortolini, diz que a empresa passará a vender 120 mil litros diários de soro. Em um ano, o prejuízo vai se transformar em R$ 500 mil de lucro com a venda do subproduto, que antes era descarte.