No campo, a safra tem tudo para ser excelente, mas a condição das estradas, que foram danificadas pelas chuvas, deve prejudicar transporte do grão
Roberta Silveira | Londrina (PR)
O escoamento da safra de soja no Paraná está comprometido. Em plena colheita, os agricultores de Londrina, principal município produtor do grão, não sabem como vão transportar a safra da região. As chuvas das últimas semanas destruíram pontes, bloquearam estradas e deixaram os produtores isolados.
No campo, o sojicultor Vilson Mouro está orgulho, a produtividade deve passar de 70 sacas por hectare. Um rendimento 15% maior que o da última safra. A colheita está programada para os próximos dias. Se na lavoura tudo está indo bem, a poucos metros da plantação um problema de tirar o ânimo. A estrada Carraro Virgílio Mouro, que dá acesso à propriedade, foi danificada. Do jeito que a situação está, a colheita será prejudicada.
– Nós ficamos ilhados por alguns dias, eu precisei pagar uns caminhões de pedra para conseguir transportar caminhões e colheitadeiras. Nós não temos outra estrada, só esta. Se a prefeitura não ajudar, a gente vai perder uma produção enorme de soja aqui na propriedade – alerta Mouro.
Os estrados em Londrina foram causados no início de janeiro, com o excesso de chuva na região. O resultado foi que várias estradas rurais ficaram intransitáveis. Cerca de 20 dias depois da enxurrada, alguns locais ainda não foram recuperados.
– Eu não posso colher a soja e armazenar, porque ela vai arder em 24 horas. Eu preciso colher e entregar na cooperativa, para que ela passe pelo processo de secagem – explica o agricultor.
– A soja hoje está boa, não tem problema de produtividade. Nós estamos com uma safra muito boa. O que estamos pedindo é que nós tenhamos alternativas para escoar esta produção – pede o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinati.
No rio Taquara, a ponte foi levada pela força das águas. Por enquanto, a passagem de veículos pequenos é feita de maneira improvisada, com uma balsa do exército. A ligação entre os distritos de Paiquerê e Guaracá é importante para o transporte do grão.
Sem esta ponte, o trajeto para escoar a soja e outros produtos aumenta, em média, 25 km, acarretando aumento no frete. Se por um lado a safra deve ser boa, por outro estes problemas de infraestrutura justamente neste momento da safra vai encarecer os custos do agricultor.
– Tudo vai ficar mais caro. Outra coisa, você tem essa saída de emergência, mas se tiver chuva pode ter transtorno. Essas estradas não estão adequadas para uma safra tão pesada como a que temos aqui – lembra Pissinati.
Em nota, a Secretaria de Agricultura de Londrina explica que, aos poucos, está atendendo as comunidades isoladas, oferecendo alternativas de acesso e que a estrada Carraro Virgílio Mouro, citada na reportagem, vai receber manutenção nos próximos dias.
Veja a reportagem: