As empresas sofrem com a falta de arroz em Mato Grosso. Atualmente, 33 indústrias beneficiam o cereal no Estado. Destas, 29 não possuem estoque suficiente para virar o ano e podem suspender as atividades nas próximas semanas.
? Algumas indústrias poderão fechar as portas se não for feito alguma coisa imediatamente ? afirma o presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz do Estado (Sindarroz-MT), Joel Gonçalves Filho.
Este problema é conseqüência de uma série de fatores. O volume de cereal produzido no Estado encolheu. Na safra 2004/2005, por exemplo, a produção passou de dois milhões de toneladas, enquanto na última safra foram colhidas apenas 740 mil toneladas. Além disso, parte da produção foi vendida para outros Estados, o que diminuiu ainda mais a oferta local. Os preços subiram cerca de 20% e, mesmo assim, falta produto para abastecer a demanda.
A saída é buscar arroz onde há oferta, como no Rio Grande do Sul. Só que os custos do frete e dos impostos também se tornam grandes obstáculos. Como menos da metade do arroz beneficiado em Mato Grosso é suficiente para abastecer o consumo interno, a maior parte da produção tem que ser direcionada para outras regiões. Com os custos elevados, a competitividade fica comprometida. Por isso o setor cobra apoio do governo estadual, e pede a diminuição da carga tributária incidente na importação do cereal em casca.
Entretanto, apenas reduzir o custo de importação pode não ser suficiente para solucionar de uma vez o problema. De acordo com os empresários, é preciso avançar com estas discussões e encontrar maneiras de incentivar novamente os investimentos dos produtores na rizicultura. Caso contrário, situações como esta constantemente podem voltar a acontecer.
O sinal de alerta leva em consideração as estimativas da Conab para esta safra. A área cultivada com o cereal no Estado deve cair 15%. A produção prevista é de 610 mil toneladas, volume ainda menor que o produzido este ano. Por isso incentivar o rizicultor pode ser uma solução, mas é preciso ir além. De acordo com a indústria, o arroz cultivado em Mato Grosso não é irrigado, e a qualidade dos grãos muitas vezes deixa a desejar. Estima-se que apenas 20% do cereal produzido cheguem às usinas com padrão tipo 1. Como o rigor na classificação imposto pelo Ministério da Agricultura ficou maior este ano, os trabalhos no beneficiamento redobraram e elevaram as despesas em aproximadamente 8%.
Por isso, o setor quer mais do que uma ajuda paliativa. Espera medidas que possam ampliar as expectativas dos produtores que apostam no arroz e com isso trazer novamente a tranquilidade para toda a cadeia produtiva do cereal.