Baixa efetividade do produto força agricultor a buscar alternativas de manejo para garantir a lavoura sem a presença de plantas daninhas
Fernanda Farias | Não-Me-Toque (RS)
Os produtores de soja reclamam da perda de resistência do herbicida glifosato, produto mais utilizado no país para o controle de plantas daninhas, como a buva e o capim amargoso. Especialistas alerta para a necessidade de diversificar os defensivos e manter as boas práticas de manejo.
O herbicida surgiu como uma solução para o controle de ervas daninhas, mas está perdendo efeito, pelo menos se usado sozinho. O professor da Universidade de Passo Fundo Mauro Rizzardi afirma que o produtor precisa mudar a abordagem.
– Nós temos situações em áreas de trigo que não tem mais alternativa química para controlar, por causa do mau uso dos herbicidas. A resistência é um processo natural, não podemos acelerar. O risco que nós temos é perder as ferramentas e podemos ter menos produtividade. Não podemos ficar em cima de um herbicida. É preciso revezar os produtos – orienta.
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Combinações com o 2,4 D são recomendadas. Outra opção é o Heat, usado junto com o glifosato na dessecação da área, antes da semeadura. No segundo ano comercial, o produto vem apresentando bons resultados.
– Outros produtos levam de 10 a 15 dias, com o Heat leva três dias para a planta morrer e já pode semear a soja – explica Airton Leites, gerente de desenvolvimento de mercado da BASF.
A Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) estima que os custos aumentem em torno de 10% com a compra de mais herbicida. Porém, essa é a melhor alternativa atualmente.
– Vai refletir na rentabilidade. O produtor não estava preparado, mas, se não fizer esse manejo, vai colher melhor e ter prejuízos. Pode inviabilizar o cultivo – ressalta Luiz Nery Ribas, diretor-técnico da Aprosoja.
Entre as plantas resistentes ao glifosato, a buva é uma das mais difíceis de controlar. Típica do Sul do Brasil, ela já avança para o Centro-Oeste. Uma muda dessa planta produz mais de 200 mil sementes, que se espalham facilmente pelo ar e pelo maquinário. Por isso, além de diversificar os herbicidas, o produtor precisa ficar atento às boas práticas agrícolas.
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Rotação de culturas, cobertura vegetal para proteger o solo, o controle no intervalo de cultivo das culturas e limpeza do maquinário estão entre essas práticas. A engenheira agrônoma Ana Cristina Pinheiro alerta para a correta aplicação dos produtos, como as condições climáticas indicadas e os equipamentos adequados.
– O mau uso das pulverizações, má manutenção, único bico independente do produto, com isso gera perdas de 40% a 50% do que poderia pagar – reforça Ana, que também é coordenadora de Boas Práticas Agrícola da Dow.
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