Apesar do Plano Nacional de Armazenagem destinar R$ 25 bi para a construção de armazéns, muitos produtores rurais da região não conseguem acessar esta verba
Fernanda Farias | Nova Mutum (MT)
Em Nova Mutum, cidade mato-grossense que até 1987 era distrito de Diamantino, a safra de soja está estimada em 1,3 milhão de toneladas. Assim como nas outras cidades por onde a Expedição passou, o plantio também está atrasado no município. Até o momento, apenas 10% da área de 400 mil hectares já foi semeada. A comercialização também anda devagar, porque o preço da saca não está compensando.
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– O preço varia de US$ 17,00, algum ou outro caso chegou a US$ 20,00, mas são pouquíssimos produtores que conseguiram alcançar esse valor – comenta o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Nova Mutum, Luiz Carlos Gonçalves.
O produtor Emerson Zancanaro espera colher 100 mil sacas de soja e nada ainda foi vendido. Como o armazém que construiu na fazenda há oito anos comporta metade da produção, ele já prevê que terá de entregar o grão para tradings.
– Eu vou ficar refém do preço. A soja na fazenda é dinheiro liquido. Isso (falta de espaço para armazenar) deixa a gente restringido – afirma.
Dobrar a capacidade de armazenamento está nos planos de Zancanaro e de muitos outros produtores, que esbarram na dificuldade de acesso ao crédito. Mesmo com o Plano Nacional de Armazenagem, lançado em 2013 com o objetivo de liberar R$ 25 bilhões em cinco anos para reduzir o déficit de armazenagem no Brasil, estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 40 milhões de toneladas.
– Temos os projetos nos bancos, mas não nos deram retorno, existem restrições de crédito. Durante os últimos anos, nós fizemos atualização tecnológica, isso impacta na capacidade de pagamento. Com recursos próprios nós poderíamos fazer, mas cortaríamos outros pontos da fazenda – explica o produtor rural.
O sojicultor Adriano Bressan priorizou outros investimentos importantes, como aquisição de máquinas. Ele ainda não conseguiu aumentar a capacidade de armazenamento. O silo próprio armazena 30 mil sacos – é 70% do que ele produz. Para construir outro com a mesma capacidade, o valor é R$ 800 mil.
Enquanto ele ainda não tem recursos para construir um novo armazém, a alternativa do produtor são os silos bag. Cada unidade tem capacidade para três mil sacos. Apesar de ter a garantia de qualidade do grão e um custo de armazenagem relativamente mais baixo, cerca de R$ 1,20 por saco, ele está sempre preocupado com o clima.
– A estrutura é mais barata, só que, no caso de uma chuva de pedra, pode rasgar. A umidade no grão pode fazer perder o produto. É paliativo, eu, particularmente, não gosto, todo ano tem que repor. Ele é momentâneo, assim que tiver condições, vou fazer uma estrutura física definitiva – ressalta Bressan.
– 30% dos produtores da cidade tem vontade de construir, mas não consegue por causa da burocracia – afirma o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais.
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