Com a mulher Leonice Scalão, 57 anos, Genoir colhe na propriedade os alimentos de que necessita. Produz vinho, vinagre, mel, verduras, legumes, queijo, ovos, amendoim. Como fonte de renda, restaram o rebanho leiteiro, que produz 160 litros de leite por dia, e o arrendamento de parte da terra para o plantio de soja.
? Tive que arrendar por falta de mão de obra. Só nós dois, já velhos, não damos mais conta, e a lavoura, sem cuidado, acaba dando prejuízo. Da produção de leite é mais fácil lidar sozinho ? diz o agricultor de fala mansa e pausada.
Assim como herdou a casa e as terras, Genoir espera que o filho homem dê continuidade ao legado da família. A filha mais velha, Eliane, de 33 anos, estudou e deixou a agricultura de lado. André completou o ensino médio, trabalhou na Sadia e, agora, estuda na Escola Agrícola de Camboriú. Está prestes a se formar técnico em Meio Ambiente.
? A gente gostaria que ele voltasse para casa, mas ele prefere trabalhar em Camboriú. Nos fins de semana, faz bico de garçom. Gosta de movimento. Mas leva jeito para a lida no campo ? fala o pai, orgulhoso.
A mãe, Leonice, é ainda mais esperançosa.
? Ele tem de voltar. Quem é que vai ficar aqui se não for ele? ? indaga.
Enquanto espera, o casal retoma, diariamente, a rotina. De manhã cedo, os dois levantam para ordenhar as vacas, roçar a pastagem, cuidar da casa, colher os alimentos. Tudo controlado, porque não podem mais exagerar no serviço. Genoir comprou uma roçadeira para facilitar o trabalho. Mostra como um troféu o novo equipamento, abrigado no galpão onde produz vinagre e vinho.
? A gente sempre dá uma paradinha para tomar chimarrão na sombra. Não dá mais para ser na correria. Afinal, não somos mais crianças ? brinca Genoir.
Série de reportagens O Campo Envelhece, do Diário Catarinense, conquista Prêmio Esso de Jornalismo