Mais de 60% da produção de soja em Mato Grosso já está comercializada. Conforme o Imea, o preço médio obtido foi de 18 dólares por saca, valor suficiente para cobrir os custos, estimados em 858 dólares por hectare. Esta despesa é 19% inferior à da safra passada. Motivo de comemoração para os agricultores, se não fosse por um antigo obstáculo que mais uma vez deve comprometer a competividade: a falta de logística.
? O frete ainda é um grande gargalo, e rouba boa parte dos lucros do produtor. O lucro poderia ser bem maior, o investimento poderia ser bem maior. Ele poderia trazer muitos benefícios para o Estado e para a população ? afirma Otávio Celidonio, superintendente do Imea.
A previsão de custos elevados da porteira para fora amplia a necessidade de uma boa produtividade. A estimativa é de 51 sacas por hectare, caso o clima colabore. E esta é a principal preocupação dos produtores nesta fase. As plantações apresentam tamanhos diferentes, resultado do plantio escalonado, provocado pela falta de chuva. O agricultor concentrou a semeadura em uma janela mais curta: realizou o cultivo em apenas dez semanas, duas a menos que na última safra.
Mesmo com a conclusão do plantio, as preocupações com o clima ainda não terminaram. Em Campo Verde, por exemplo, as chuvas são irregulares. Alguns produtores já temem os problemas que podem ser causados por um novo período de seca em pontos localizados das lavouras.
Parte da área do agricultor Ítor Sílvio Cherubini já enfrenta duas semanas de estiagem. Mesmo onde choveu, a quantidade não foi suficiente para tranquilizar o produtor, que teme que a produtividade da plantação seja comprometida.
? Eu tenho uma lavoura que está há 16 dias sem chuva. Nas lavouras em que chove, está chovendo muito pouco, cinco ou dez milímetros. É pouco ainda. Acho que se continuar desse jeito vai comprometer muito a produtividade ? afirma o produtor.
A apreensão com o clima é rotina também para o produtor rural John Lehnen. Na área de 630 hectares de soja já são 30 dias de estiagem. Se continuar assim será difícil repetir a produtividade média de 57 sacas por hectare, obtida na última safra.
? Mas eu imagino que a produtividade não vai chegar ao que a gente teve no ano passado. Por que na nossa região, onde a gente plantou soja no ano passado, o clima foi praticamente perfeito. Desde o plantio até a colheita, o clima não atrapalhou em nada, coisa que não está acontecendo nesse ano ? constata.
Porém, apesar das preocupações, o agricultor está otimista com o atual cenário do grão e já comercializou metade da produção prevista.
? A gente nunca sabe como o mercado vai se comportar, então, a tendência nossa agora é esperar pra ver o que vai colher para tentar vender mais alguma coisa depois. Mas, pelo menos da nossa parte, por enquanto, a gente não quer vender mais nada.