A safra rendeu. Foram 48,1 milhões de sacas, uma alta de quase 22% em relação a 2009. Além disso, os preços melhoraram. Há um ano, os cafés finos eram negociados a R$ 270 a saca. Agora no segundo semestre de 2010, a saca chegou aos R$ 400. Os cafés voltados ao mercado interno tiveram alta de aproximadamente R$ 30, por saca, na comparação com o ano anterior. Segundo o pesquisador Celso Luis Vegro, do Instituto de Economia Agrícola, o produtor que soube investir ganhou mais.
? Nós tivemos dois momentos diferentes ao longo de 2010. O primeiro semestre praticamente reproduziu a trajetória dos anos anteriores de preços reprimidos, e o segundo semestre já com preços ascendentes para uma parte dos cafeicultores, especialmente aquela que investiu em qualidade ? disse Vegro.
Com o aumento na qualidade do café cresceu também o consumo interno da bebida. O Brasil atingiu a marca histórica de 19 milhões de sacas, 5% a mais do que a de 2009. Mas a indústria ainda não está satisfeita.
? A indústria continua vendendo o café para os clientes supermercadistas pelo mesmo preço que vendia há cinco anos atrás, enquanto custos de mão-de-obra, energia subiam, ou seja, preços não aumentaram, mas custos que subiram tiraram a rentabilidade das indústrias em 2010 ? avalia o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café, Nathan Herszkowicz.
Mesmo que não tenha agradado a toda a cadeia, 2010 trouxe de volta um sentimento ao produtor.
? Eu já esperava há muito tempo. A grande modificação neste ano é que foi restaurada a esperança do cafeicultor de negócio com a grande alta dos preços. Ainda não resolveu, mas nos deu a esperança ? declarou o cafeicultor Luiz Hafers.