As chuvas mais regulares e como bons volumes tem contribuído para um estudo que a Embrapa Alagoas está realizando com soja na região. O resultado, até o momento, é bastante animador não só na colheita das áreas experimentais, quanto nas comerciais. As produtividades obtidas de até 72 sacas por hectare superam a média nacional, de 56 sacas.
Há pelo menos cinco safras os agricultores do estado estão apostando na soja em suas áreas, que antes eram tomadas por canaviais. A prova disso é que desde a safra 2017/2018 o estado passou a figurar nos levantamentos nacionais de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com 2,2 milhões de hectares semeados.
Os pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros Antônio Santiago e Paulo Albuquerque, que atuam na Unidade de Execução de Pesquisa em Rio Largo (AL) apresentaram, durante dois dias de campo, os resultados preliminares dos estudos em campo de competição entre os genótipos de soja, além de informações técnicas sobre boas práticas e tratos culturais, como o uso de cobertura vegetal no solo e inoculação por bactérias para fixação de nitrogênio.
No encontro em Campo Alegre, o superintendente da Seagri-Al e presidente da Comissão de Grãos Hibernon Cavalcante informou que a produção de soja de 2019 em Alagoas deve atingir cerca de 5,7 mil toneladas, um recorde histórico.
“Isso demonstra que o Programa de Incentivo à Produção de Grãos e atuação da Comissão têm despertado no setor produtivo a importância da diversificação e trazido grandes resultados de milho, soja e feijão”, diz Cavalcante.
Para o anfitrião do segundo dia de campo, Everaldo Tenório, a diversificação de culturas é o caminho a ser seguido pelos produtores.
“Em nossas áreas a soja já vem integrando a produção, principalmente em rotação com as áreas de cana. Em 2019, após cinco anos de trabalho intenso de seleção de materiais mais bem adaptados e definição dos melhores tratos culturais com apoio da Embrapa, temos a satisfação de atingir resultados espetaculares, comparáveis aos grandes produtores das áreas tradicionais do país”, comenta ele.
Tenório informou ainda que todo o volume da produção deste ano, da mesma forma que 2018, deverá ser destinado ao mercado interno, com destaque para a grande demanda por proteína das granjas do Nordeste, que tem Pernambuco como principal comprador.
“Em dois outros anos, já chegamos a exportar toda a produção pelos portos de Sergipe e da Bahia, mas com o aquecimento da demanda interna e o preço equivalente pago pelos compradores regionais, as vantagens logísticas são enormes”, destacou.
Mais produtores na região
Os dias de campo sobre a cultura da soja em Alagoas têm atraído cada vez mais produtores de outros estados interessados em plantar o grão na região. Muitos deles vêm de áreas tradicionais do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e outros de estados vizinhos, como Sergipe. Foi o caso de Claudiano Góis, que produz milho em Frei Paulo, no bem-sucedido polo sergipano do grão.
“Já temos uma produção consolidada de milho no oeste de Sergipe, e a ideia é ver de perto as experiências de sucesso com soja em Alagoas e buscar levar essa cultura com foco na diversificação para o nosso estado”, conta Frei Paulo.
O produtor paranaense Félix Simonetti, que tem mais de 30 anos de experiência no cultivo de soja em áreas tradicionais no Mato Grosso e desde 2018 aposta em milho e soja em Alagoas, participou do dia de campo.
“O papel da Embrapa no sentido de dar um norte aos produtores pioneiros nessas novas áreas é fundamental para nos apoiar a decidir que materiais vamos adquirir para o cultivo. As pesquisas e as informações técnicas que os pesquisadores nos transmitem são de extrema importância na nossa tomada de decisão”, afirma Simonetti.