A nova safra 2019/2020 de soja ainda não foi semeada, mas os desafios da porteira para fora já começaram. Para entender o tamanho da dor de cabeça dos produtores de Mato Grosso e, das contas que devem ser realizadas neste ano, os preços da soja não são tão remuneradores quanto em 2018 e os custos para implantar a nova safra são os mais altos da história.
Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os custos de produção totais desta safra 2019/2020 são os mais altos da história, próximos de R$ 3.912,80 por hectare, 5% a mais que os R$ 3.628,54 do ciclo anteior. Se os custos fecharem assim, eles irão superar até os valores da safra 2016/2017 (recorde histórico) que eram de R$ 3.862,81.
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“Até o momento esse é o maior custo da série histórica, ultrapassando inclusive a safra 2016/2017. Como ainda há gente comprando insumos, esse custo não é o final e pode mudar. Mas até o momento ele é sim o mais alto da história”, afirma o gestor técnico da entidade, Cleiton Jair Gauer.
O Imea estima que menos de 20% dos produtores do estado ainda não compraram seus insumos para esta temporada, o que traria essa chance de mudança na média de custos totais. “Claro que se o restante comprar com um dólar muito mais baixo, a média cairá. Os que demoraram a comprar acabarão tendo certa vantagem em relação a isso”, diz.
Veja os itens que mais encareceram a próxima safra de soja:
- fertilizantes (macronutrientes), que passaram de R$ 656 por hectare em 2018 para R$ 818 neste ano, 24,7% a mais
- fungicidas, que passaram de R$ 239 por hectare em 2018 para R$ 267 neste ano, alta de 11,7%
- herbicidas, que passaram de R$ 149 por hectare em 2018 para R$ 180 neste ano, incremento de 20,8%
- sementes, que passaram de R$ 294 por hectare em 2018 para R$ 318 neste ano, 8,1% a mais
Vale ressaltar que estes custos totais incluem:
- gastos variáveis: insumos, operação de máquinas, mão-de-obra, seguros, armazenagem, etc
- gastos fixos: depreciação e benfeitorias na fazenda e nos maquinários, arrendamentos e encargos
Custos x preços
Para que o produtor consiga entender exatamente o tamanho do problema, de abril a junho deste ano, o valor médio obtido com a venda da soja em Rondonópolis foi de R$ 68,73 por saca, 6% a mais que os R$ 73,10 conseguidos na média do mesmo período de 2018, segundo dados da consultoria Safras & Mercado.
Em uma conta simples, se considerar o custo atual de R$ 3.912,80 e dividi-lo pela produtividade média usada no levantamento (58,87 sacas por hectare), o gasto por hectare é de R$ 66,46 por hectare. Ou seja, o produtor terá uma rentabilidade de apenas R$ 2,27 por saca.
“Novamente ressalto que, estamos falando de custos totais para a soja transgênica e estes valores são uma média, pode ser que alguns produtores tenham custos maiores e outros menores que isso”, diz Gauer.