Os preço dos insumos estão de 5% a 8% mais caros neste ano, afirma a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). A informação coincide com o levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que também apontou um aumento nos custos de Mato Grosso de até 5%. Essas elevações foram puxadas pela alta no dólar, que agora recuou um pouco e, segundo analistas de mercado, favorecem a compra do restante dos insumos necessários para a safra.
O milho já está colhido e os quatro mil hectares da fazenda de Giovani Fritz, em Jaciara (MT), esperam o fim do vazio sanitário para receber a soja. Por lá, 90% dos insumos já foram comprados e se não fosse as incertezas do mercado, o produtor já estaria com tudo em mãos.
“Essa cautela é por não ter um preço fixo na produção, ou algo mais definido, ou um preço futuro mais definido para negociar. Sem falar em um dólar mais estabilizado e essa gangorra de preço que tá acontecendo”, afirma Fritz.
E esse não é um caso isolado. Quem chama atenção é a indústria de fertilizantes. A venda desse tipo de produto aumentou (8%) no primeiro bimestre deste ano, na comparação com o ano passado, mas a oscilação do câmbio fez o produtor segurar o bolso nos meses seguintes.
“Esses números ainda estão sendo compilados, mas aparentemente, com conversas que estamos tendo, provavelmente teremos em março, abril e maio uma queda nas vendas em relação ao ano passado”, diz o presidente da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (AMA), Carlos Florence.
Entre os motivos para este recuo estão a instabilidade política (com a demora para aprovar a reforma da previdência) e também houve a desvalorização das commodities.
“Na comparação com a safra anterior, os preços dos insumos estão de 5% a 8% mais caros. Somado a isso, o preço da soja está R$ 2 por saca mais barato que o ano anterior. Isso aumenta a relação de troca da soja por insumos, ou seja, o produtor vai ter que desembolsar mais para produzir a mesma quantidade”, afirma o analista de desenvolvimento técnico da Ocepar, Maiko Zanela.
Comprar ou não o restante dos insumos?
Quantos dias desse ano o câmbio fechou acima dos R$ 4 e depois baixou?. Hoje ele está na casa dos R$ 3,80 e pode cair ainda mais depois da reforma da previdência. Já tem analista de mercado estimando chegar a R$ 3,50 ou até R$ 3,20. Mas será que vale a pena esperar até lá praisso acontecer para comprar o restante dos insumos?
O consultor do mercado de fertilizantes da FcStone Marcelo Mello, alerta que é preciso um olho no custo e outro nas vendas.
“O dólar, na hora que o produtor faz a compra do insumo, tem que gerenciar o risco de venda também. Vender um pouquinho do grão dele com o valor equivalente lá na frente. Então, se ele comprou fertilizante com dólar a R$ 4, mas vende parte da produção a R$ 4, está tranquilo”, conta Mello.
“O produtor já deveria ter comprado, se não comprou, compre rápido. O dólar está mais adequado agora. E o produtor pode se proteger do outro lado, na venda. Os preços dos componentes dos fertilizantes estão mais baixos, então acho que ele deve comprar”, diz Mello.