A demanda da agroindústria de Santa Catarina por milho somou 7,6 milhões em 2019, enquanto que a produção no mesmo ano chegou a 2,9 milhões de toneladas, afirma o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Cláudio Post.
O setor está preocupado com um possível desabastecimento em 2020. “O Brasil, no ano passado, teve uma boa colheita, mas houve muita exportação, cerca de 41 milhões de toneladas. Isso fez com que o mercado se enxugasse e gerasse essa preocupação”, conta.
Para piorar, Post menciona a seca grave no Rio Grande do Sul, que deve gerar uma quebra de safra muito grande, e o possível atraso no cultivo da segunda safra. “Em Mato Grosso do Sul e Paraná, deve atrasar mais de um mês e ter um risco climático muito maior”, diz.
Uma das alternativas para Santa Catarina podem ser as culturas de inverno. “Temos regiões ideais para o cultivo desses cereais que ficam ociosas. Então está se trabalhando um projeto para viabilizar essa produção para rações. A Embrapa está fazendo pesquisas, a agroindústria também mostrou interesse e as cooperativas estão aderindo e incentivando”, conta. De acordo com Post, a expectativa é de que o plantio comece já na safra 2020/2021.
Burocracia complica
A rota do milho, que facilitaria a compra de grãos principalmente do Paraguai, ainda enfrenta entraves burocráticos, segundo presidente da Fecoagro. “A Argentina já mostrou boa vontade, mas não sabemos qual a posição do novo governo. Há problemas também com a Receita Federal do Brasil”, diz.
Post diz que o Ministério da Agricultura precisa entrar como uma estrutura de controle sanitário forte para viabilizar o projeto. “Ou fazer um acordo com Paraguai e Argentina para que a inspeção sanitária seja validada”, diz.