O dólar comercial fechou em alta de 0,57% no mercado à vista, cotado a R$ 4,352 para venda, em patamar inédito pela quarta vez seguida. A alta, quinta consecutiva, foi sustentada pela continuidade de um dólar mais forte no exterior enquanto aqui, o movimento é visto como especulativo.
“Mesmo com um certo alívio no exterior com a desaceleração de novos casos de coronavírus na China, aqui tivemos mais uma sessão de dólar valorizado. A decepção dos investidores veio com as fracas vendas no varejo em dezembro do ano passado, ficando abaixo das previsões”, comenta o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.
Ele acrescenta que os dados acendem uma discussão de um novo corte de juros dos números fracos que a economia brasileira vem apresentando. “Também ajudou na alta as saídas de investidores estrangeiros que reforçaram posições defensivas no mercado futuro”, diz.
O economista-chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, ressalta que, caso o Banco Central prossiga com quedas na taxa de juros, isso alimentará a alta do dólar. “A gente vê que o BC está 4×4. 4 de juros, 4 de câmbio. Mas ele vai fazer o que depois? Vai vender as reservas cambiais? Eu sou da escola que o dólar alto é preocupante”, avalia.
“Tirando o exportador, acho que ninguém está gostando desse patamar”, diz o operador de câmbio de uma corretora local. A equipe econômica do Fator destaca que o real é a moeda de país emergente que registrou a maior desvalorização até o momento no ano e “não mostra” sinais de valorização no curto prazo.
Amanhã, na agenda de indicadores, tem os dados de inflação dos Estados Unidos. Para o operador de câmbio, a depender dos números, pode ser um novo gatilho para o fortalecimento do dólar no exterior. “Com certeza vai respingar aqui”, pondera.