Um vídeo do presidente Jair Bolsonaro convocando a população para se manifestar a favor do governo, no dia 15 de março, causou rebuliço em Brasília. Representantes do Legislativo e Judiciário viram o conteúdo como uma afronta à independência dos poderes.
Em sua conta no Twitter, Bolsonaro se defendeu dizendo que as mensagens trocadas pelo seu celular são para “algumas dezenas de amigos” e de “cunho pessoal”. “Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas de tumultuar a República”, publicou.
Na semana passada, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, acusou o Congresso de chantagear o governo e deflagrou uma crise. Para o comentarista Miguel Daoud, esse novo episódio acaba jogando mais lenha na fogueira. “A situação política precisa ser administrada. Estamos vivendo um momento em que ele [Jair Bolsonaro] deveria chamar os presidentes da Câmara e do Senado e discutirmos formas de não nos tornamos tão vulneráveis diante da crise internacional”, afirma.
Segundo o comentarista, o investidor internacional continua arredio. “O dólar subindo não está beneficiando o Brasil. A alta que deveria melhorar as exportações e trazer compra de ativos não está acontecendo. Há alguma coisa esquisita no ar”, diz.
Daoud diz que cabe a Bolsonaro chamar os diversos setores para fazer um pacto, senão o país não crescerá. “O Brasil tem problemas estruturais e conjunturais enormes, que não estão sendo resolvidos. Isso em um momento em que o mercado internacional está focado no crescimento das economias”, afirma.