Em Goiás, quarto maior produtor de soja do país, produtores estão investindo pesado em energia renovável. Dezenas de usinas se instalaram na região na última década para produção de biocombustíveis. Nas áreas rurais, onde falta oferta de energia elétrica tradicional, muitos fazendeiros estão recorrendo a energia solar para tocar a fazenda e reduzir custos.
Em Jataí, interior do estado. a fazenda Condor tinha um consumo de energia de R$ 250 mil por ano, isso para irrigação, secadores e ar condicionado. No entanto, em 2016 o produtor Valdecir Sovernigo decidiu construir uma mini usina fotovoltaica. Foram instaladas 1.152 placas solares, capazes de produzir 305 KWh. O investimento para isso foi de um R$ 1,6 milhão. Nos próximos 2 anos ele acredita que irá recuperar tudo que investiu.
“A gente fica feliz e satisfeito porque estamos contribuindo para uma produção agrícola com energia limpa, sem impacto ambiental e favorecendo a sociedade”, aponta Sovernigo.
Recentemente a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tentou taxar a produção de energia solar, alegando que precisa compensar o investimento feito na construção e manutenção da rede de distribuição, especialmente na área rural. Mas essa ideia passa longe de ter chance de acontecer em Goiás. Tanto que o governador Ronaldo Caiado ameaça romper o contrato de concessão com a companhia de energia Enel, caso ela insista.
“O presidente da república já disse claramente que não irá taxar a energia solar. Ponto final, acabou. Então isso é ponto final. Nós não vamos ter”, diz.
Empresas de biodiesel também investem
O grupo Cereal investiu R$ 50 milhões na construção de uma nova estação para transformar o óleo da soja em biodiesel. A perspectiva é produzir, a partir de dezembro, 600 mil litros por dia.
“Esse aporte tem a ver com o programa nacional de incentivo a adição de biodiesel. Hoje, nós estamos com 11% de mistura. Em março passa para 12% e até 2023 passa para 15%. Então a demanda por óleo de soja tem aumentado bastante, o que tem feito com que a gente tenha boas condições de estar comercializando e vendendo o biodiesel, afirma o presidente da empresa, Adriano Barauna.
O que tanto o produtor rural e o empresário esperaram agora é que o governo garanta segurança jurídica para quem está investindo em energias renováveis.
“São estruturas caras e dependemos de uma política pública fiel, constante, para não ter riscos. Se isso é bom para a nós, também é bom para a sociedade”, afirma Barauna.
Para Sovernigo, as pessoas sempre tentam colocar o produtor contra a parede, como se tivesse fazendo coisa errada. “Não. Nós estamos fazendo a coisa certa. Contribuindo com o meio ambiente e contribuindo para uma coisa que ninguém pode ficar sem, a energia elétrica”, diz.